Incertezas de ordem institucional e econômica na Argentina estão levando a Vale a fazer uma análise do projeto de potássio Rio Colorado, na província de Mendoza, com investimentos estimados em US$ 5,9 bilhões. A recente decisão do governo argentino de nacionalizar a petroleira YPF tornou-se, no âmbito institucional, mais um elemento de preocupação para a Vale, disse o presidente da mineradora, Murilo Ferreira. Segundo ele, o evento político envolvendo a YPF não foi, porém, o fator exclusivo que levou à análise em relação ao projeto Rio Colorado.
"Estamos analisando o projeto sobre diversas perspectivas", afirmou Ferreira. As avaliações envolvem, além do cenário institucional, temas como inflação, política cambial, impostos sobre a exportação e discussões sobre infraestrutura com as províncias envolvidas no projeto. O Rio Colorado inclui investimentos na produção de potássio e a renovação de ferrovia, com 440 quilômetros, além da construção de um ramal ferroviário de 350 quilômetros e de um terminal marítimo em Bahia Blanca, na província de Buenos Aires.
A capacidade nominal estimada para o projeto é de 4,3 milhões de toneladas de potássio por ano com início da operação previsto para o segundo semestre de 2014. Segundo informações da empresa, o projeto encontra-se com 30% de avanço físico e um investimento total executado de US$ 1,1 bilhão. Só em 2012 foram investidos US$ 243 milhões de um total esperado para o ano de US$ 1 bilhão.
O presidente da Vale mencionou a preocupação com o projeto de Rio Colorado em teleconferência com analistas sobre os resultados da companhia no primeiro trimestre do ano.
Ontem, após a divulgação dos resultados, que foram mais fracos do que em igual período de 2011, as ações ordinárias da mineradora fecharam com alta de 1,46%, enquanto as preferenciais subiram 1,67% em relação ao dia anterior.
Ferreira disse que a Vale poderá investir mais do que os US$ 21,4 bilhões estimados para 2012. "Existe possibilidade de cumprir o orçamento aprovado pelo conselho e solicitar recursos adicionais", afirmou Ferreira. Ele lembrou que a Vale mudou a metodologia dos projetos, passando a colocar no orçamento empreendimentos que tenham sido aprovados pelo conselho de administração da empresa e que possuam licença ambiental.
O diretor-executivo de ferrosos e estratégia da Vale, José Carlos Martins, destacou que os investimentos vivem um "bom progresso" dentro da companhia. Do total de investimentos previstos para este ano, US$ 12,9 bilhões são para execução de projetos, US$ 2,4 bilhões em pesquisa e desenvolvimento e US$ 6,1 bilhões na manutenção de projetos existentes. Ferreira mostrou-se otimista em relação à recuperação das economias emergentes, em especial da China, que vive momento de desaceleração. No primeiro trimestre, a China respondeu por 64,3% dos embarques de minério e pelotas da Vale, com 41,9 milhões de toneladas, acima de igual período de 2011.
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