O Brasil quer cooperação com o Uruguai na produção de embarcações e peças navais e na instalação de parques de energia eólica e outras iniciativas de energia renovável, disse a presidente Dilma Rousseff ao presidente uruguaio, José Mujica, com quem se reuniu e almoçou ontem, no Palácio do Alvorada. "É uma oportunidade histórica de desenvolver um novo modelo de integração entre Uruguai e Brasil", comentou o ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, ao relatar o encontro.
Patriota citou o encontro no Alvorada como demonstração da "fraterna amizade" e do "momento histórico" da relação bilateral. O governo Dilma quer prestigiar Mujica, que declarou sua intenção explícita de ligar o projeto de desenvolvimento do país vizinho ao que os uruguaios chamam o "grande vizinho do Norte". A cooperação "promissora" na indústria naval e em peças para embarcações deve ser "emblemática", segundo Patriota, que espera abrir caminho a outros projetos de integração de cadeias produtivas.
A Eletrobras e a UTE - a estatal energética uruguaia - firmaram acordo de cooperação para desenvolvimento de fontes de energia renovável, a começar por um projeto de parques de energia eólica que poderão gerar cerca de 300 megawatts. Patriota informou que há planos também para programas de cooperação entre institutos acadêmicos e de inovação, para projetos tecnológicos e de pesquisa, como já vem acontecendo com a TV digital.
O bom relacionamento entre Mujica e Dilma não foi afetado pelo novo regime automotivo brasileiro, que cria dificuldades para empresas estrangeiras, como as montadoras chinesas instaladas no Uruguai. Segundo Patriota, o assunto nem sequer foi tratado pelos dois presidentes, que se reuniram acompanhados de ministros de diversas áreas. O ministro garantiu o compromisso brasileiro em evitar que as novas regras prejudiquem investimentos no país vizinho.
Há semanas, em uma visita ao Uruguai do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e do secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira, as autoridades uruguaias disseram estar preocupadas com as consequências das novas exigências de produção nacional para o setor automotivo no Brasil. As garantias de que o Brasil se esforçará para atender às preocupações do país vizinho deixou os uruguaios "satisfeitos", acredita Patriota. "Encontraremos solução, sempre dentro do espírito de aproximação das cadeias produtivas", adiantou o ministro de Relações Exteriores.
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