Ministro Edison Lobão ignora risco no país vizinho e assegura que planos da Petrobras na região estão mantidos. Ontem, foi a vez de Cristina Kirchner reestatizar empresa de gás da YPF
A presidente argentina, Cristina Kirchner, realizou a expropriação do controle acionário de uma segunda subsidiária da espanhola Repsol. Depois de confiscar, na segunda-feira, 51% das ações da petroleira YPF, o novo alvo foi a YPF Gás, distribuidora de gás butano e propano, conforme decreto publicado ontem no Diário Oficial. Os interventores anunciaram também a perfuração e reparação de mil poços da empresa. "Esta medida não só é central para o abastecimento normal da indústria e da agricultura, mas também garante o acesso a setores de baixa renda que não têm serviço de rede através do Garrafa para Todos", informou o governo.
O capital da distribuidora está dividido entre Repsol Butano (84%), Pluspetrol (15%) e outros (1%). A empresa separa, embala, transporta, distribui e vende gás liquefeito de petróleo (GLP). A Butano S.A tem forte presença na Espanha e a Pluspetrol é a quarta produtora argentina de hidrocarbonetos. A Casa Rosada ressaltou que a intervenção da YPF começou também a delinear um plano para perfurar e reparar mais de mil poços em diferentes áreas em que atua, como parte das atividades destinadas a aumentar a produção e refino de hidrocarbonetos e normalizar as atividades da companhia petrolífera.
Mesmo com a segunda nacionalização em menos de uma semana, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, informou ontem que o governo brasileiro está avaliando a possibilidade de ampliar os seus investimentos na Argentina. Segundo Lobão, a intensificação dos negócios da Petrobras no país vizinho foi um pedido da própria presidente Cristina Kirchner durante sua visita à Casa Rosada em março. O assunto será tratado hoje em reunião dele e da presidente da estatal brasileira, Maria das Graças Foster, com o ministro do Planejamento argentino, Julio Miguel de Vido.
"Não estamos visualizando nenhum problema com a Argentina", disse Lobão, que classificou a medida argentina no setor energético como questão de "autonomia de Estado". O ministro voltou a defender a normalidade das relações entre os dois países e reafirmou que a posição do governo argentino em encampar a subsidiária do grupo espanhol Repsol não afasta investimentos na região.
Sobre o cancelamento de uma das licenças da Petrobras na Argentina, em março, Lobão afirmou que não foi um posicionamento do governo federal, mas apenas da província de Neúquem. "A presidente (Cristina Kirchner) até trabalhou para reverter essa história. Não temos razão para temer", sublinhou.
Repsol vira "mico"
A nacionalização da YPF colocou a nota de classificação de risco da Repsol a um nível da classificação próximo do pior conferido pela Standard & Poor"s (S&P). A agência norte-americana rebaixou ontem em um nível o grupo espanhol, de BBB para BBB-, a apenas um patamar de ser considerado "lixo". "As métricas de crédito da Repsol irão deteriorar-se devido ao peso significativo da YPF na produção e geração de caixa no grupo", avisou a S&P. A YPF representa dois terços da produção de petróleo da Repsol (62%) e quase a metade de suas reservas, que somam 2,2 bilhões de barris.
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