segunda-feira, 16 de abril de 2012

Efeitos do subsídio à hotelaria


Fonte: O Globo
Autor: Alexandre Sampaio
Pela primeira vez serviços hoteleiros foram incluídos em programa de desoneração da cadeia produtiva. O programa Brasil Maior, divulgado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e assinado pela presidente Dilma Rousseff, tem o objetivo de aumentar os investimentos, a empregabilidade e a competitividade do setor. Vem em boa hora para tentar reverter o déficit crescente da balança de serviços turísticos, resultado direto das crescentes viagens de brasileiros para o exterior, da valorização do real frente ao dólar e do crescimento de renda no Brasil. As medidas resultarão também em maior volume de recursos para o BNDES atender o segmento de hospedagem. A médio prazo será possível observar os reflexos positivos na ampliação da capacidade hoteleira, seja em retrofit e modernização de acomodações ou em novos negócios.

Assim que as medidas entrarem em vigor, em julho, na chamada baixa temporada, os maiores beneficiados serão os resorts, que tiveram o pior desempenho dos últimos anos. E no verão, com a chegada maciça de visitantes estrangeiros, as perspectivas são animadoras. O pacote possibilitará que os empreendimentos, em grande maioria localizados em destinos de sol e mar (no Nordeste, especificamente), possam voltar a ostentar tarifas atraentes para turistas nacionais e internacionais. A redução no preço da diária, simultaneamente ao aumento de exposição do país no exterior, irá gerar mais emprego além de aumentar a renda setorial, consequência direta da recuperação de um segmento fundamental para a atração de estrangeiros.

A redução da incidência do recolhimento previdenciário patronal sobre a folha salarial para uma alíquota de 2% sobre o faturamento resultará em preços mais competitivos para que possamos concorrer com destinos de preferência do turista.

O Custo Brasil na operação de hotéis é especialmente alto. Pesa a mão de obra intensiva, pois hospitalidade se promove com pessoas. Gastos com energia elétrica são o segundo item no custeio da operação de meios de hospedagem. Em terceiro viria a necessidade de fortes investimentos na mobilização inicial para aquisição de áreas com o intuito de construir hotéis. No Brasil, o financiamento dessas empreitadas é peculiar, uma vez que está calcado majoritariamente em iniciativas de empreendedores privados, que adquirem unidades individuais em condo-hotéis. Como os preços de terrenos subiram substancialmente nos últimos anos e o retorno de capital vem a longo prazo, a oferta de financiamento é seletiva, o que fez com que a rede hoteleira crescesse aquém da demanda em determinadas regiões brasileiras.

A inclusão do turismo no conjunto de medidas do Ministério da Fazenda por si só é um avanço. Mostra que a atividade é reconhecida pelo governo como essencial para o desenvolvimento da economia brasileira.

ALEXANDRE SAMPAIO é presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação.

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