Por expropriação da YPF, Parlamento europeu analisa excluir o país de sistema que permite tarifas privilegiadas
MADRI. O Parlamento europeu votará hoje uma resolução para suspender a Argentina do Sistema Geral de Preferências (SGP), em retaliação à expropriação do grupo espanhol Repsol do controle acionário da petrolífera YPF. Se confirmada, seria a primeira medida concreta da União Europeia (UE) contra o governo da presidente Cristina Kirchner. O SGP é um tratado que beneficia a troca comercial por meio tratamento tarifário privilegiado.
Também hoje, no Conselho de Ministros espanhol, serão analisadas as medidas que a Espanha tomará contra a Argentina, e será definida a pauta a ser discutida com os ministros de Relações Exteriores da UE na reunião da próxima segunda-feira, na qual a reestatização da YPF estará na ordem do dia. O chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo, se reuniu ontem com dez membros do Clube de Berlim, restrito grupo de ministros europeus formado para discutir o futuro europeu, e pediu seu apoio no litígio que a Madri pretende empreender contra Buenos Aires. García-Margallo disse que obteve resposta positiva de todos, embora não tenha sido elaborado um plano concreto.
Madri tem apoio dos EUA e do Banco Mundial
A Espanha também recebeu o apoio dos EUA, depois de uma reunião entre García-Margallo e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton. Juntos, estudarão a possibilidade de recorrer ao Banco Mundial (Bird), ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ao G-20 (grupo das 20 maiores economias mundiais) e ao Clube de Paris (instituição informal que renegocia dívidas, formada em 1956 quando a Argentina aceitou reunir-se com seus credores). A intenção é conseguir que Cristina Kirchner retifique sua decisão de expropriar YPF.
- Vamos explorar todas as vias nas quais possamos colaborar juntos para reestabelecer a legalidade internacional - disse o ministro espanhol.
Ao saber do apoio de Hillary, o presidente de Governo da Espanha, Mariano Rajoy, em viagem oficial à Colômbia, afirmou que a expropriação de YPF já não é um assunto da Espanha ou de uma empresa espanhola, e sim da comunidade internacional. Madri recebeu também o apoio do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, que considerou a nacionalização da YPF "um erro".
- Creio que é um sintoma que temos que vigiar porque, sob pressão econômica, os países respondem com mais populismo, com mais protecionismo - disse Zoellick a jornalistas, na abertura de uma reunião conjunta do Bird e o FMI, em Washington.
Cristina diz que não se pauta por Espanha ou EUA
Cristina, por sua vez, não se mostrou preocupada com o aumento da pressão internacional contra Buenos Aires. A presidente da Argentina reafirmou sua posição na disputa com a espanhola Repsol e assegurou que "adota suas decisões pensando nos argentinos e não no que pensam os EUA ou a Espanha". A posição da Casa Rosada foi expressa pelo ministro do Interior, Florencio Randazzo.
- Não nos preocupada nenhum tipo de retaliação - assegurou o ministro argentino.
Alem de Randazzo, o chefe de Gabinete argentino, Juan Manuel Abal Medina, um dos jovens kirchneristas que integra o governo K, também reforçou o discurso antiespanhol:
- Dada a sua situação difícil, a Espanha busca culpados fora do país - afirmou Medina.
Já Antonio Brufau, presidente da Repsol, afirmou em uma entrevista à CNN Internacional que a expropriação de 51% da filial argentina não afetará os resultados da petroleira espanhola.
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