quinta-feira, 19 de abril de 2012

Brasil destaca diálogo com Argentina e minimiza os riscos para a Petro

Fonte: Valor Econômico
Autor:  Sergio Leo

O governo brasileiro conta com os mecanismos de cooperação e diálogo na área de energia para evitar danos aos interesses da Petrobras na Argentina; e há expectativas na diplomacia brasileira de que o governo argentino possa até ampliar oportunidades de atuação da empresa no país vizinho, apurou o Valor.

Na sexta-feira, como informou o Valor, o ministro de Minas e Energia, Édson Lobão, e a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, terão reunião com o ministro do Planejamento argentino, Júlio De Vido, marcada antes do anúncio de tomada das ações da espanhola Repsol na YPF.

O próprio de Vido havia anunciado a reunião, na semana passada, após reunião com executivos da Petrobras em que, segundo o ministério, foram discutidos "projetos de desenvolvimento" no setor de petróleo e gás. Em comunicado oficial, o ministro argentino previu a discussão de projetos de investimento com a Petrobras nessa próxima reunião de sexta-feira.

O governo brasileiro e a Petrobras querem, porém, explicações sobre a decisão do governo da Província de Neuquén, no sudoeste argentino, de retirar da empresa brasileira a concessão do campo de Veta Escondida, sob argumento de que não teria havido investimentos ou produção suficientes.

A "parceria" entre Brasil e Argentina no setor de energia vai além de petróleo e gás, e há projetos conjuntos em biocombustível, energia nuclear e hidreletricidade. O Brasil já garantiu a Argentina contra apagões, com "empréstimos" de energia no passado; essa relação é apontada no governo brasileiro como razão para que não haja muita preocupação com riscos de intervenção governamental da Argentina na Petrobras.


O ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, encarregado das conversas sobre o assunto com os argentinos, viajou recentemente ao país vizinho para discutir um dos empreendimentos conjuntos no setor energético, as hidrelétricas binacionais Garabi e Panambi, que terão 2.200 megawatts, e serão construídos pela brasileira Eletrobras e a argentina Emprendimientos Energéticos Binacionales S.A. (Ebisa) a um custo estimado oficiosamente em US$ 4 bilhões. Após a nomeação de Maria das Graças Foster para a Petrobras, o governo argentino tomou a inciativa de pedir uma reunião com ela, mostrando interesse em ampliar a atuação da empresa no país.

"Acompanharemos de perto o desenvolvimento dessa história", disse o ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, lembrando a reunião com De Vido, ao ser questionado sobre riscos à Petrobras. "As relações com a Europa são excelentes", afirmou, ao comentar se o conflito em torno da nacionalização forçada da YPF não afetaria as relações do Mercosul com a União Europeia. Patriota confundiu-se, porém, ao informar que seria hoje a reunião com de Vido, em Brasília, marcada para amanhã.

O ministro de Relações Exteriores do Chile, Alfredo Moreno, que reuniu-se ontem com Patriota, também minimizou as consequências, para a região, da crise gerada pela decisão Argentina com governos e investidores europeus.

Após informar que iria à Espanha em seguida à viagem ao Brasil, Moreno disse que não comentaria a decisão do governo argentino, mas afirmou que o Chile defende respeito "às leis, o estado de Direito, as regras e normas internacionais". O Chile presidirá a próxima reunião de cúpula dos países da América Latina e uma reunião paralela, dos latino-americanos, com a União Europeia, em janeiro.

O governo brasileiro fez um estudo do projeto de lei que determinou a nacionalização da YPF e avalia que o impacto sobre os interesses do Brasil e da Petrobras dependerá da maneira como o governo argentino exercerá os poderes a serem conferidos pelo Congresso ao Executivo. O alcance da lei, as intenções em relação à Petrobras e as medidas para garantir a atuação da empresa em Neuquén fazem parte da reunião de amanhã, em Brasília.

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