Criada nos anos 90 como parte do esforço dos EUA para criar uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca), projeto enterrado em 2005, a Cúpula das Américas reunirá líderes do continente amanhã, na cidade colombiana de Cartagena, dominada por dois temas inconvenientes a Washington: a pressão pela incorporação de Cuba e o reconhecimento do fracasso na guerra ao tráfico de drogas.
É o anfitrião, o presidente da Colômbia, Juan Manual Santos, que, junto com um grupo de países centro-americanos, quer que a Cúpula aprove um "texto para reflexão" com o balanço - negativo - do combate ao narcotráfico e a sugestão de descriminalização das drogas. O tema é acompanhado de longe pelo governo brasileiro, que não inclui a descriminalização em sua agenda, apesar do engajamento nessa proposta de um ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso. Os diplomatas brasileiros lembram que são drogas legais, a bebida e o fumo, o maior problema hoje para o sistema público de saúde.
Reflexo da desorientação das cúpulas de governantes das Américas após o fracasso da Alca, a última dessas reuniões, em 2009, em Trinidad e Tobago, terminou sem que os países conseguissem concordar com uma declaração final.
O único texto que saiu, um documento "da presidência", sugeriu tomar providências para que Cuba fosse readmitida na Organização dos Estados Americanos (OEA) e passasse a participar das reuniões dos governos do continente.
Cuba é um dos principais assuntos levados à reunião pela presidente Dilma Rousseff, embora saiba-se que não há nenhuma condição de receber a concordância do governo dos EUA, imerso em campanha eleitoral. A questão das drogas também não tem chance de resultar em algo prático, pela forte oposição dos EUA e do México.
Os colombianos procuraram, porém, dar alguma objetividade aos debates incluindo temas práticos, como combate à pobreza e estímulo à integração das infra-estruturas dos países da região. A declaração final deve trazer metas e propostas para que os países troquem experiências.
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