Objetivo é aproximar visões que podem dificultar conferência
Negociadores de 44 países iniciaram ontem no Palácio Itamaraty, no Rio, a segunda rodada de discussões para destravar os principais temas que serão tratados na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece em junho. O encontro termina hoje e conta com representantes dos países que estão mais atuantes, na tentativa de aproximar as diferentes visões que ainda podem dificultar o sucesso da conferência. Os países apresentaram suas visões sobre a Rio+20 e o Brasil tenta emplacar o mantra que tem sido repetido à exaustão pelas principais autoridades do governo: fazer com que o desenvolvimento sustentável se baseie em três pilares: social, ambiental e econômico.
Avanços de 20 anos atrás não devem ser revistos
Os negociadores brasileiros não querem que a Rio+20 fique marcada como uma conferência meramente ambiental, como a Rio-92. Esse novo enfoque que o governo prega tem sido alvo de críticas de ambientalistas. Outra tecla martelada pelo governo e que foi uma sugestão do presidente da Rio-92, Fernando Collor, é o conceito do não retrocesso. Ou seja, que os avanços alcançados há 20 anos não sejam revisados agora.
Entre as propostas que serão negociadas na Rio+20, a de que sejam definidas metas de sustentabilidade foi uma das primeiras a receber apoio do Brasil. Outra é que a conta ambiental também seja contabilizada no cálculo do PIB.
O país também apoia objetivos específicos na área energética, como o de dobrar, até 2030, o percentual de energia renovável na matriz energética mundial, bem como o de dobrar a eficiência energética até 2030 e a garantia de acesso universal à energia sustentável.
A questão do consumo e produção sustentáveis também é um tema caro ao governo brasileiro. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, já disse várias vezes que a educação é chave para que as pessoas mudem seus hábitos de consumo e cita que é insustentável que toda a população mundial consuma 88 quilos de recursos naturais por dia, média de um americano padrão.
A definição de economia verde (green economy) é outro objetivo brasileiro. O governo defende que o conceito seja amplo, abrigando todos os países. Já os países ricos advogam que o conceito deve ser de crescimento verde (green growth), o que excluiria as economias que não estiverem em ritmo de crescimento.
Entre os países que participam da reunião estão Alemanha, França, Estados Unidos, Inglaterra, China, Índia, México, Cuba e Argentina. O encontro é informal e não conta com ministros. Do governo brasileiro participam negociadores dos Ministérios das Relações Exteriores, da Fazenda, do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Social.
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