segunda-feira, 23 de abril de 2012

Após colchão anticrise, países têm como desafio medidas impopulares


Fonte: O Globo
Autora: Flávia Barbosa

Garantido o aumento dos colchões anticrise europeu e mundial, com mais de US$ 1 trilhão, o próximo grande passo dos principais atores da economia global é fazer valer em casa o compromisso político assumido no encontro de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, de avançar no processo de ajuste fiscal em sintonia fina com o resgate do crescimento internacional. Para isso, terão de demonstrar cacife para bancar reformas antipopulares nas legislações de previdência e mercado de trabalho, sanear o sistema financeiro e, no caso europeu, criar instituições de comando central, para supervisão bancária e de metas fiscais, que arranham a noção de soberania.

O objetivo é aproveitar o tempo "comprado" pelos colchões e por algumas medidas estruturais já tomadas para costurar planos de consolidação fiscal de médio e longo prazos. Para isso, a expansão econômica e o aumento da competitividade são cruciais, porque sustentariam a redução da dívida dos países e o manejo de orçamentos, restaurando a confiança dos mercados.

Nas palavras do presidente do comitê de ministros de Finanças do FMI, Tharman Shanmugaratnam, de Cingapura, a janela de oportunidade para implementação de uma política de equilíbrio, entre aperto de cinto e estímulo, é de dois a três anos.

- Na sala de reuniões, entre as economias ocidentais, havia uma intenção muito forte de atacar o coração das questões de competitividade, poupança e reconstrução dos orçamentos das famílias e dos governos - disse Tharman, advertindo ser "uma jornada desafiadora, com política se cruzando com economia"

No encerramento do encontro do órgão ministerial do FMI, sábado à tarde, os países demonstraram comprometimento com a consolidação fiscal.

- É uma tarefa importante que temos de cumprir, sem demora - disse Jun Azumi, ministro de Finanças do Japão.

Sobre mais estímulos à economia global, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, revelou que há posições divididas:

- Principalmente os países europeus acham que basta continuar a chamada consolidação fiscal que a economia vai se ajustar. Porém, o FMI mostrou um quadro preocupante de queda muito forte na demanda produzida pelos países europeus, e isso contagia o mundo, no sentido de que reduz o mercado para países emergentes, dificulta a recuperação dos países europeus. Foi uma discussão intensa.

Ontem, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que quer elevar o fundo para países pobres em US$ 17 bilhões.

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