Coerente com a tendência que se estabeleceu desde o início da semana, o mercado local segue correlacionado com o que acontece lá fora. Como a quinta-feira foi dia de vender dólar e correr para o risco nos principais mercados, por aqui, não foi diferente.
No entanto, o movimento de baixa foi limitado pelas atuações do Banco Central (BC). A autoridade monetária fez duas compras à vista, algo que não acontecia desde o dia 15 de março.
Com isso, a queda do dólar comercial ficou limitada a 0,27%, para R$ 1,83, depois de uma mínima intradia de R$ 1,823.
No mercado futuro, a baixa foi de 0,51%, com o contrato para maio valendo R$ 1,834, antes do ajuste final de posições.
O giro estimado para o interbancário ficou em US$ 2,2 bilhões, cifra elevada e que dá respaldo à percepção de que o dia contou com firme entrada de recursos externos pela conta financeira.
No câmbio externo, no entanto, as variações foram mais expressivas.
O rand sul-africano, o dólar australiano, o dólar canadense e o peso mexicano ganharam entre 0,80% a 1,5% sobre a moeda americana.
O Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, caiu 0,52%, a 79,32 pontos. Enquanto o euro subiu 0,60%, a US$ 1,318.
O mercado parece funcionar na lógica do "quanto pior melhor", já que os sinais de menor crescimento econômico nos Estados Unidos e os renovados problemas com o custo das dívidas soberanas europeias aumentaram a perspectiva de mais medidas de estímulo por parte das autoridades monetária.
Outra história que circulou pelas mesas de operações foi a de que o Produto Interno Bruto (PIB) da China poderia surpreender para cima.
Segundo um economista, o mercado está em modo "bipolar". Alterna pessimismo extremo e euforia em questão de dias (quando não no mesmo pregão), quase sempre sem base em fundamentos, mas sim em expectativas e dados de alta frequência. Para esse especialista, esse tipo de comportamento denota a total falta de previsibilidade sobre o rumo da economia mundial.
No mercado de juros futuros, as taxas voltaram a cair depois do suspiro de alta da quarta-feira. A tese de Selic abaixo de 9% ganhou novo fôlego com as informações da jornalista Claudia Safatle publicadas na edição de quinta-feira do Valor.
De acordo com o texto, a surpresa positiva com o comportamento da inflação pode levar o BC a fazer uma parada não muito longa no movimento de baixa dos juros e, então, retomar o corte da taxa básica.
No mercado a visão é que a fórmula de rendimento da poupança é uma barreira à queda mais pronunciada da Selic.
O ponto interessante levantado pelo texto é que esse "limite" de baixa poderia estar abaixo dos 9%. "Para fontes oficiais, porém, essa não é uma métrica rigorosa. Os administradores de fundos de investimento ainda teriam margem para cortar as taxas de administração, avaliam. Mas só farão isso se sentirem "um calor"", diz o texto.
Vale lembrar que, na segunda-feira, a Febraban divulgou estudo apontando que uma taxa básica de 8,75% já poderia promover um esvaziamento dos fundos de renda fixa. Além da questão dos spreads bancários, essa discussão em torno da poupança parece ser mais um ponto de enfrentamento entre o governo e os bancos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário