quinta-feira, 19 de abril de 2012

Marina Silva vê risco de Rio+20 ser irrelevante

Fonte: Valor Econômico
Autora:  Arícia Martins

A ex-senadora Marina Silva engrossou ontem o coro de críticas à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, ao aderir ao documento "Rio mais ou menos 20?", criado por um grupo de políticos e intelectuais envolvidos em questões ambientais.

A carta, divulgada hoje, chama a atenção para a ausência de temas importantes na agenda da cúpula da ONU, que será realizada em junho, no Rio, tais como a transição para uma economia de baixo carbono e a mudança climática.

O documento deve ser enviado ao governo brasileiro, em uma tentativa de mobilizar a opinião pública. "Estamos vivendo um elevado risco de que a Rio+20 não seja apenas um encontro irrelevante, mas que acabe também sendo margem para retrocessos", disse Marina.

Segundo ela, há uma preocupação com o processo histórico que começou na Rio 92, quando o Brasil alavancou uma agenda com resultados importantes até hoje. Para Marina, a discussão de temas econômicos e sociais na Rio+20 também é importante, mas não deve ser colocada em oposição à agenda do desenvolvimento sustentável. "Essa visão que o meio ambiente não deve ser discutido, no meu entendimento, é um retrocesso à visão de 1992, quando as coisas foram colocadas de forma integrada."


A ex-senadora também defendeu que o Brasil, por ser anfitrião da Rio+20, deve assumir uma posição de protagonista na cúpula e não somente se posicionar como mediador das discussões.

Para ela, as conquistas do país na redução do desmatamento e no desenvolvimento de uma matriz energética predominantemente renovável devem ser aproveitadas para conferir ao Brasil um papel de liderança na conferência.

Marina defendeu ainda a criação de uma agência específica na ONU, nos moldes da Organização Mundial do Comércio (OMC), para discutir as questões relacionadas ao meio ambiente.

O embaixador Rubens Ricupero, um dos signatários do documento, afirmou que a primeira versão da carta foi entregue ao vice-presidente da República, Michel Temer. "Estamos na fase de consultar ex-ministros do Meio Ambiente", disse. "Temos o desejo de manter esse diálogo no mais alto nível", disse.

Ricupero também destacou que o documento será publicado em um site "para futuras adesões e contribuições".

Além dele e de Marina, assinam a carta o diretor do Instituto de Estudos em Política Econômica Casa das Garças e um dos pais do Plano Real, Edmar Bacha; o professor José Goldemberg, secretário do Meio Ambiente na Rio 92; e o ex-deputado federal Fábio Feldmann, entre outros.

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