sexta-feira, 20 de abril de 2012

FMI terá ajuda de Brics em aporte de US$ 400 bi

Fonte: Valor Econômico
Autor:  Alex Ribeiro

O Brasil deu indicações de que irá contribuir no reforço do caixa do Fundo Monetário Internacional (FMI), junto com os outros países que formam os Brics, pavimentando o caminho para o anúncio hoje de um aporte de pelo menos US$ 400 bilhões no organismo em reunião do G-20 em Washington.

Ontem pela manhã, o aporte ainda estava cercado de incerteza, e a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, evocou o espírito multilateralista dos Brics, numa tentativa de persuadi-los a contribuir. O Brasil e outros países do grupo ameaçavam fazer jogo duro para liberar recursos, exigindo a aceleração na reforma nas quotas do FMI, que teoricamente dará maior peso aos países emergentes nas votações do organismo.

O clima melhorou apenas depois de reunião dos ministros das finanças dos Brics, no início da tarde. "O Brasil desde o início vê a necessidade de reforço no FMI, mesmo porque a crise internacional não está resolvida", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, logo após o encontro.

Ele, porém, evitou falar em cifras, alegando que primeiro será preciso um compromisso de países europeus com as reformas do FMI. Mas não são esperados impasses muitos sérios, já que as exigências não são muito ambiciosas: o Brasil quer uma declaração no comunicado do G-20 reafirmando, mais uma vez, o cronograma da reforma das quotas.

A expectativa é que a contribuição da China chegue a até US$ 60 bilhões, mesmo volume de recursos já anunciado pelo Japão. O Brasil deverá injetar algo em torno de US$ 10 bilhões, quase repetindo a quantia emprestada em 2009.

O FMI pede um reforço no seu caixa de US$ 400 bilhões para criar uma muralha de proteção para impedir que a crise europeia se espalhe dentro da própria Europa e a outras partes do mundo. Inicialmente, o FMI pedia até US$ 600 bilhões, mas reviu suas pretensões, diante da resistência de alguns países em contribuir, como os Estados Unidos e Canadá. Países europeus e o Japão já se comprometeram com US$ 320 bilhões.


A agenda do G-20 inclui a discussão sobre os fluxos de capitais aos países emergente, reequilíbrio cambial e do crescimento da China e uma agenda de reforma na regulação do sistema financeiro. Lagarde disse que as economias emergentes - sem especificar países - devem "administrar bem os fluxos de capitais com medidas macroprudenciais adequadas" e também "ajustando as moedas, aceitando a evolução das moedas".

"Acho um equívoco", disse Mantega, quando questionado se concordava com a afirmação de Lagarde. "O Brasil é um dos que mais sofrem com a valorização do câmbio." O G-24, grupo de 24 economias emergentes, divulgou comunicado defendendo que o FMI não crie mecanismos que tirem a flexibilidade dos países para usar controles de fluxos de capitais. "As medidas de administração de fluxos de capitais devem ser vistas como integral parte dos instrumentos macroprudenciais", declarou o G-24.

O Brasil tem duas preocupações no processo de reformas das quotas do FMI. Uma delas é que os países desenvolvidos aprovem em seus parlamentos a reforma feita em 2010, que desloca 6% das quotas para países em desenvolvimento. Para a mudança entrar em vigor, é necessária a ratificação por 85% dos membros.

Outra preocupação é um compromisso das economias avançadas de que a nova rodada de revisão de quotas, que deve ser concluída até o começo de 2014, leve de fato a mais um aumento no peso das economias emergentes.

O próximo passo é a revisão da fórmula que serve de base para o cálculo das quota, num processo que deve terminar até o começo de 2013. Mantega quer que o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país tenha peso de 100% na definição das quotas. Hoje, seu peso é de 50% - o resto é basicamente o grau de abertura comercial de cada economia.

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