A Espanha não vai suspender ou limitar as compras de produtos argentinos em retaliação à decisão do governo Cristina Kirchner de estatizar as ações que a petroleira Repsol tinha na YPF, mas pretende levar os argentinos para o maior número de tribunais possível.
O vice-ministro espanhol de Cooperação Internacional e para a América Latina, Jesús Gracia, veio pedir que o governo brasileiro ajude a convencer a Argentina sobre a importância de o país vizinho pagar pelos ativos da Repsol. "Vamos cumprir com todas as normas da Organização Mundial do Comércio", disse. "Confiamos que o Brasil é o país que mais tem influência e pode ter uma liderança positiva na América Latina". Se continuar adotando o mesmo "comportamento arbitrário", a Argentina terá "problemas em quase todos os foros" internacionais, avaliou Gracia, citando insatisfação de empresas italianas, alemãs, indianas, panamenhas e colombianas em relação à Argentina.
Ele se reuniu com o número 2 do Itamaraty, embaixador Ruy Nogueira. Anteontem, conversou com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Procurados, eles disseram, por meio de assessorias, que discutiram questões bilaterais.
Cristina anunciou na semana passada que voltariam para a Argentina as ações da YPF adquiridas pela espanhola Repsol no processo de privatização nos anos 90. Antes da expropriação, 57,43% das ações eram da Repsol; 25,46% do argentino Grupo Petersen e 17,11% cotados na bolsa. Com a expropriação, 26,03% das ações ficarão nas mãos do Estado federal e outros 24,99% passam às províncias petrolíferas.
A decisão recebeu apoio da população, que viu o movimento como ação para retomar o controle estatal sobre jazidas de petróleo e gás do país, mas foi criticada por analistas internacionais, por quebra de contrato.
Gracia negou que seu governo vá tentar excluir a Argentina das negociações de um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul (que também reúne Uruguai e Paraguai). Mas ressaltou que se "isso não funcionar" a UE deveria buscar alternativas, como um acordo só com o Brasil. "É um acordo que a Espanha promove desde o início, mas se há alguém que não quer que funcione, temos de buscar outras alternativas. Se não funcionar com o Mercosul, temos de ver com o governo brasileiro."
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