quinta-feira, 19 de abril de 2012

BC força alta do dólar para ajudar indústria

Fonte: Correio Braziliense
Autor: Carlos Franco
Moeda norte-americana fecha o pregão do dia cotada a quase R$ 1,90, estímulo para exportações sem reflexo na inflação

O dólar encerrou o dia ontem a R$ 1,8797, a maior cotação desde 25 de novembro do ano passado. As cifras por extenso podem parecer complicadas, mas revelam a intenção do Banco Central (BC) em chegar logo ao patamar de R$ 1,90. Para tal, o BC tem realizado todos os dias dois leilões para "enxugar" o dólar no mercado, forçando a sua alta, que também ajuda a indústria nacional a ter preços mais competitivos no exterior. Como a inflação está cadente, o maior valor da moeda norte-americana, se pode ter algum reflexo nos importados, não chegará a impactar a inflação.

Desde a quinta-feira passada a autoridade monetária faz dois leilões de compra de dólares no mercado à vista por dia e, no pregão de ontem, não foi diferente: o BC atuou mesmo com a moeda norte-americana em alta, fazendo leilões à tarde com taxas de corte de R$ 1,8703 e R$ 1,8800, testando o mercado financeiro e pagando pela moeda norte-americana mais que o valor que era negociada no balcão naquele instante.

Novo patamar


Para o economista da Link Investimentos, Thiago Carlos, o dia também pode ter sido infuenciado por algumas operações específicas de compras de dólares no mercado, que acabaram puxando a cotação ainda mais para cima. Ele acrescentou que as ações mais intensas do BC no mercado ainda não são suficientes para perceber se a autoridade monetária já tem um novo patamar para o dólar, mas, sem se identificar muitos analistas já fazem apostas em torno de R$ 1,90.

"Pode ser que tenha um novo piso de atuação do BC, vamos ver nos próximos dias, mas tem um fluxo de entrada ainda. Podem ocorrer mais entradas de dólares com IPOs (abertura de capital) de empresas e o BC pode estar antecipando essas compras", afirmou Thiago Carlos.

Quem conhece o presidente do BC, Alexandre Tombini, garante que o movimento é proposital e visa ajudar o governo a tirar a indústria do patamar de letargia, garantir o crescimento da economia e a maior oferta de crédito, além do preço de produtos e serviços, sem prejuízo às metas de inflação.

O fluxo cambial negativo de US$ 799 milhões neste mês — entradas menos saídas de moeda estrangeira — aliado à intenção clara do governo de desvalorizar o real, diz um analista, fez com que os dois leilões de ontem zerassem as perdas acumuladas. O dólar fechou o pregão com valorização de 0,43% ante o real em 2012.

Com esse movimento estratégico, o BC procura materializar as intenções da presidente Dilma Rousseff, que encontrou em Tombini um dos seus interlocutores e porta-voz de política econômica, de garantir crescimento neste que é um ano eleitoral, independentemente da crise global. Há quem aposte que até o fim do mês o dólar estará cotado a R$ 1,90. O teste de mercado deve continuar hoje.

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