Alta prevista será de 3,7%, bem abaixo da média dos últimos 20 anos
Pelo segundo ano seguido, o comércio global vai registrar forte desaceleração em 2012, com crescimento de 3,7%, bem abaixo da média de 5,4% registrada nos últimos 20 anos, segundo relatório divulgado ontem pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
- Nós ainda não estamos fora de perigo - afirmou o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy. - A OMC tem até agora impedido o nacionalismo econômico, mas o ritmo lento de recuperação levanta preocupações de que uma linha constante de medidas comerciais restritivas possa gradualmente minar os benefícios da abertura comercial.
Em 2011, o comércio mundial registrou alta de 5%, um forte retrocesso frente ao ano anterior, quando o crescimento foi de 13,8%. Segundo a OMC, a crise da dívida na Europa, o tsunami no Japão e as inundações na Tailândia foram responsáveis pela desaceleração no ano passado.
A instituição alerta que este ano o cenário ainda é de fragilidade. "Por isso o risco de que a situação se agrave continua sendo elevado", alertou o órgão. Se houver uma contração econômica mais forte do que a prevista na Europa, se a crise da dívida contagiar outras regiões ou se houver um rápido aumento nos preços do petróleo, pode haver "consequências ainda mais negativas para o comércio" este ano.
Os dados econômicos de Japão e Estados Unidos, ressaltou a OMC, melhoraram recentemente. Mas tal recuperação pode não resistir aos aspectos negativos da economia mundial, como a crise na União Europeia. Lamy disse que as perspectivas de comércio este ano são muito atreladas a Europa e EUA. Segundo ele, quem influenciar mais a demanda global vai determinar o resultado do comércio em 2012.
Países em desenvolvimento ficarão acima da média
A OMC prevê que os países desenvolvidos registrarão um aumento de 2% nas exportações e de 1,9% nas importações este ano. Já os em desenvolvimento verão suas exportações crescerem 5,6% e as importações, 6,2%.
Para o ano que vem, a OMC projeta um crescimento do comércio global de 5,6%. As exportações crescerão 4,1% nos países ricos e 7,2% nos emergentes, enquanto as importações terão alta de 3,9% e 7,8%, respectivamente.
No ano passado, as exportações dos países ricos tiveram avanço de 4,7%. Nos em desenvolvimento, o aumento foi de 5,4%. Os EUA foram o país rico com maior aumento das exportações: 7,2%. A UE apareceu em seguida, com expansão de 5%. A emergente China registrou alta de 9,3% em suas exportações - o melhor resultado em todo o mundo, mas bem abaixo do desempenho de 2010: 28,4%. Segundo a OMC, o terremoto e a tsunami no Japão perturbaram as cadeias mundiais de fornecimento, prejudicando as exportações de países como a China. A OMC também menciona a Primavera Árabe, que reduziu as exportações africanas de 8,3%.
A participação das economias em desenvolvimento no total mundial aumentou 47% nas exportações e 42% nas importações. Já o valor em dólares do comércio global aumentou em 19% em 2011, para US$ 18,2 trilhões.
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