Com a maior parte dos ativos no exterior na Argentina, a estatal brasileira redobra as atenções sobre as expropriações no setorNotíciaGráfico
Terceira maior petrolífera em operação na Argentina — atrás apenas da YPF, então controlada pela espanhola Repsol, e da norte-americana Chevron —, a Petrobras acompanha de perto a crise aberta na segunda-feira com a reestatização da principal empresa do setor no país vizinho. A presidente da estatal brasileira, Maria das Graças Foster, terá na próxima sexta-feira uma reunião de esclarecimento com autoridades do governo argentino para discutir o novo marco regulatório do petróleo e a recente cassação da licença de uma área operada no lado de lá da fronteira.
"Temos boas relações com a Argentina e estávamos avaliando oportunidades futuras no país", disse Graça Foster, como é conhecida, ao ser surpreendida na tarde de segunda-feira pela notícia do confisco das ações da Repsol na YPF. No momento do anúncio da reestatização, ela conversava com a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, sobre potenciais investimentos na exploração do pré-sal.
A presidente da Petrobras já estava preocupada com a inesperada perda de uma concessão, informada no começo do mês, na província argentina de Neuquén, maior produtora de gás natural do país. O governo local argumentou que a medida era uma resposta à recusa da Petrobras em fazer investimentos suficientes para aumentar a produção.
Modelo
Graça Foster reafirmou ontem que foi surpreendida pela decisão da província e destacou que a estatal cumpriu o plano mínimo de desenvolvimento da área. Antes de se reunir com o ministro de Planejamento Federal e Obras Públicas da Argentina, Julio De Vido, atual interventor da YPF/Repsol, a executiva vai avaliar o tema com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Ela ressaltou que a reunião com o ministro argentino já estava marcada e será importante para esclarecer todas as dúvidas, acrescentando que fará até amanhã reuniões internas na Petrobras para avaliar o quadro no país vizinho, onde estão os maiores ativos da estatal no exterior. Para justificar a decisão de encaminhar ao Congresso nova legislação, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, alegou que apenas estava seguindo o modelo brasileiro, por meio do qual o governo controla 51% da maior empresa local.
Ontem, a presidente da Petrobras voltou a defender que a empresa tenha uma política de "vazamento zero" de petróleo e derivados em suas unidades de produção. Nos últimos meses, casos de vazamento foram registrados em plataformas nas bacias de Santos e de Campos. "Dizem que isso (vazamento zero) não existe. Pode até não existir, mas eu quero", cobrou.
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