Objetivo é separar US$ 8 bilhões para efeitos de crises econômicas e de desastres naturais
O Brasil apoiará a criação pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de um fundo de US$ 8 bilhões para socorrer os países latino-americanos atingidos pela crise financeira atual ou desastres naturais, informou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, em entrevista exclusiva à "Agência Estado", após um encontro de representantes dos países membros na reunião anual do BID, em Montevidéu.
O presidente do BID, Luis Alberto Moreno, apresentará hoje a proposta de criação do fundo de contingenciamento aos governadores da instituição, como são chamados os representantes oficiais dos países, na sessão plenária do último dia da reunião do BID. Entre as condições para que um país possa recorrer ao fundo está a de seguir um receituário de política econômica estabelecido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O Brasil, segundo Miriam, discorda dessa condição para a liberação dos empréstimos.
"O BID não pode fazer juízo de valor a respeito das políticas de cada país", destacou a ministra. "Cada país tem independência para adotar a sua política econômica. Então, essa é uma restrição que normalmente o Brasil faz, de que não se vincule a disponibilização dos recursos versus um receituário (econômico), pois isso já mostrou que não funciona tão bem", explicou.
O fundo destinará uma linha de financiamento de US$ 6 bilhões para a adoção de políticas anticíclicas em países que venham a pedir ajuda para combater os efeitos negativos de uma eventual deterioração da crise da zona do euro.
Os US$ 2 bilhões restantes serão destinados para empréstimos a países que sofram desastres naturais. "É fundamental que o BID se concentre em projetos estruturantes, mas também não deixe de lado situações de emergência que as duas linhas propostas preveem", afirmou a ministra.
Miriam disse acreditar que o Brasil não precise recorrer ao fundo, pois a economia está com os fundamentos sólidos e em condições de atravessar a turbulência da economia mundial.
Os recursos para o contingenciamento viriam das reservas do BID, uma vez que esse fundo não havia sido cogitado quando os 48 países membros aprovaram o aumento de capital do banco para US$ 70 bilhões. "Essas linhas estão sendo propostas a partir de reservas que o banco já tem", explicou a ministra.
Diante ainda do tamanho limitado do fundo de contingenciamento, o seu impacto numa situação de crise beneficiará mais as economias menores da América Latina.
O ministro de Economia e de Finanças do Panamá, Frank de Lima, ressaltou a importância dessa linha para o seu país. Disse que a crise da zona do euro ainda é preocupante, embora recentes acontecimentos, como a troca da dívida da Grécia, tenham aliviado o nervosismo. "Se houver uma situação de contágio da crise do euro, será importante que tenhamos um sócio regional forte, como o BID, que nos dê acesso imediato a linhas de crédito."
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário