Excesso de liquidez dos países ricos legitima ato defensivo, diz secretária
As ações adotadas pelos países da América Latina para proteger suas economias da política monetária expansionista de Europa e EUA não podem ser classificadas como protecionistas. A avaliação é da secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Alicia Bárcena. Em entrevista ao GLOBO, ela disse que os países estão apenas compensando o forte impacto que a estratégia dos desenvolvidos provoca nos mercados domésticos:
- Eu diria que a Europa está praticando dumping, ao colocar no mercado 1 trilhão a uma taxa de 3%. Então, ações como as que o Brasil está adotando são uma resposta antidumping - afirmou ela. - A meu ver, medidas claras e com prazo para acabar, como o aumento do imposto para a entrada de veículos importados, adotado pelo Brasil, são apenas instrumentos que estão na caixa de ferramentas dos países e eles têm direito de usar.
Ela lembrou que até mesmo o Fundo Monetário Internacional (FMI) vem defendendo que os países adotem medidas como controle de capitais para se defender dos desequilíbrios que estão sendo gerados na economia mundial pelo excesso de liquidez.
Alicia disse que os instrumentos aplicados mostram uma ação organizada dos governos para equilibrar suas economias, enquanto na Europa, por exemplo, o controle parece estar nas mãos do mercado financeiro:
- Há uma política sendo feita na América Latina. Na Europa, quem prevalece é o mercado.
Ela disse que a economia da região vai desacelerar em 2012, com a taxa de crescimento caindo de 4,3% em 2011 para 3,7% em 2012. Para o Brasil, a Cepal projeta 3,5%.
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