quarta-feira, 21 de março de 2012

Brasil apoia colombiano para dirigir Banco Mundial

Fonte: Valor Econômico
Autor: Por Sergio Leo

O Brasil deve apoiar um candidato sul-americano, José Antônio Ocampo, ex-secretário-geral da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), para a presidência do Banco Mundial, que ficará vaga em junho com a saída do atual presidente, o americano Robert Zoellick. Segundo apurou o Valor, o governo brasileiro já informou o governo da Colômbia que apoia Ocampo, colombiano que também foi subsecretário-geral para Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, chegou a ser cogitado pelo governo de Juan Manuel Santos como candidato ao comando do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Ao lhe perguntarem sobre o assunto, ontem, o assessor internacional da presidência da República, Marco Aurélio Garcia, confirmou a decisão brasileira de lançar um candidato dos países emergentes à direção do Banco Mundial, mas se recusou a falar em nomes, alegando que o anúncio será feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Noutro dia já fui admoestado, com razão, por ter dito o que só a torcida do Corinthians e do Flamengo sabiam, que o juro ia cair", gracejou, lembrando sua declaração sobre a iminente queda de juros, durante viagem a Hannover, que o levou a ser repreendido pela presidente Dilma Rousseff.


"Me penitencio, foi um erro de minha parte", disse Garcia, que saía de uma reunião de ministros e assessores, no Palácio do Itamaraty, marcada por ordem de Dilma para elaborar um plano único para a "inserção internacional" do Brasil. Participaram da reunião, que também discutiu o financiamento à atuação de empresas brasileiras no exterior, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e da Defesa, Celso Amorim. Segundo Garcia, os ministros da Agricultura e de Minas e Energia irão às próximas reuniões sobre o tema.

A estratégia de ação internacional do Brasil, com novos instrumentos para ajuda a países pobres e diretrizes para a atuação dos ministérios, deve resultar em um documento no estilo da Estratégia Nacional de Defesa, informou o assessor.

A atuação do Brasil no G-20 também foi objeto de discussão entre os ministros. Garcia, embora evasivo ao falar do assunto, adiantou que o Brasil não apoiaria, para a direção do Banco Mundial, o economista americano Jeffrey Sachs, defendido por um grupo de países em desenvolvimento e menos desenvolvidos, entre eles Malásia, Quênia e Namíbia. Apoiado por um grupo de senadores dos Estados Unidos, Sachs não tem, porém, o aval do governo Barack Obama, que tem mostrado simpatia pela candidatura do ex-secretário do Tesouro Larry Summers.

Candidato polêmico, Summers enfrentou acusações de sexismo ao dirigir a Universidade de Harvard e, como economista-chefe do Banco Mundial, teve vazado um memorando em que, ironizando, defendia o armazenamento de lixo tóxico em países pobres em troca de dinheiro. Ele tem a oposição de governos europeus, cujos votos são necessários para que Washington imponha, como sempre, seu candidato à presidência do banco.

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