A chanceler alemã Angela Merkel confirmou ontem pela primeira vez que vai apoiar o aumento do "firewall" ou programa de socorro europeu para alcançar € 700 bilhões contra propagação da crise da zona do euro.
No entanto, a concessão de Merkel é bem aquém da demanda da União Europeia e de países não membros do G-20 para a Europa dobrar o seu programa de socorro para cerca de €1 trilhão de e depender menos de ajuda externa.
Até agora, a Alemanha recusava aumentar os recursos contra a crise, temendo que os países da periferia da zona do euro ficassem menos dispostos a colocar em prática medidas de austeridade, uma vez que teriam segurança de que haveria uma rede mais forte de proteção.
Só que os "spreads" sobre os títulos soberanos de várias nações, especialmente da Espanha, continuaram subindo, com investidores cobrando mais para financiar países em situação financeira calamitosa.
Além disso, os parceiros internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e membros não europeus do G-20 insistem para a Alemanha dar um forte passo para ajudar a zona do euro.
O G-20 condicionou aumentar os recursos do FMI para cerca de US$ 1 trilhão a uma decisão anterior à da própria Europa de elevar os recursos para seu fundo de socorro aos países em dificuldades.
Após muita pressão, Merkel atende parcialmente a demanda.
Na reunião dos 27 ministros de finanças europeus na sexta-feira, em Copenhague, a ideia será, assim, de combinar o poder de intervenção do mecanismo já existente, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF), com outro que começará a funcionar em julho, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês).
Enquanto o EFSF continuará a desembolsar os recursos existentes de € 190 bilhões, o ESM começará a funcionar com € 500 bilhões, de forma que a combinação de ambos resultará em € 690 bilhões.
Isso significa que a participação da Alemanha, a maior economia da zona do euro, saltará de € 211 bilhões para € 260 bilhões.
Para analistas, pode haver tensão na coalizão governamental na Alemanha. Isso porque nada garante que Merkel conseguirá apoio no Parlamento para aprovar o aumento dos recursos juntamente com a ratificação do compacto fiscal, o novo programa de ajuste na zona do euro.
A expectativa é de que o FMI consiga a promessa de aumento de seus recursos em abril, em reunião em Washington. A partir daí, definirá sua própria ajuda para o fundo europeu.
Isso é ainda mais importante na medida em que, se há algum alívio na crise europeia nos últimos dias, o fato é que muitos problemas persistem, ilustrado pela situação da Espanha. Merkel notou que a crise da zona do euro não acabou.
"Se você olhar para as taxas de juros em Portugal e também na Espanha, é claro que a situação melhorou na zona do euro mas não voltou ao normal", disse ela, conforme agências de notícias.
O governo de Mariano Rajoy será obrigado a anunciar esta semana mais medidas de austeridade, o que poderá causar uma greve geral no país.
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