O representante brasileiro no Banco Mundial, Rogério Studart, disse que a possível indicação do economista colombiano José Antônio Ocampo como candidato à presidência do organismo será definida até amanhã, baseado numa consulta formal feita aos nove países que compõem a cadeira brasileira. Ocampo, que foi secretário-geral da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), é um dos nomes em cogitação, mas o Brasil ainda poderá apoiar outros, como a ministra das finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala.
O assessor internacional da presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse anteontem ao Valor que, desta vez, o Brasil está inclinado a votar num candidato dos países emergentes, mas não citou nomes. "O Ocampo tem um currículo excepcional e, quando o nome dele foi colocado sobre a mesa, as pessoas naturalmente se animaram", afirmou Studart. "Mas precisamos da concordância pessoal dele e dos membros da cadeira para apresentar formalmente a candidatura."
O brasileiro Studart é diretor-executivo do Brasil e de outros oito países no Banco Mundial, incluindo Colômbia, Equador, Filipinas, Panamá, Suriname, Republica Dominicana e Trinidade e Tobago. Tão ou mais importante que a possível candidatura de Ocampo, disse Studart, foi a disposição em reunião anteontem do chamado G-11, grupo que reúne 11 diretores-executivos que representam quase todos os países em desenvolvimento, de considerar seriamente o voto num candidato apresentado pelos países em desenvolvimento.
Por uma regra não escrita, a presidência do Banco Mundial sempre foi entregue a um americano, enquanto que o comando do Fundo Monetário Internacional (FMI) fica a cargo de um europeu. Nunca houve uma disputa competitiva pelo comando do Banco Mundial. Studart disse que "é um momento histórico" o fato de a Nigéria ter apresentado a candidatura.
O atual presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, anunciou que não vai concorrer a um novo mandato quando o seu atual terminar, em junho. Amanhã, acaba o prazo para a apresentação de candidatos. Entres os nomes sob especulação, estão o ex-assessor econômico da Casa Branca Larry Summers e a embaixadora americana nas Nações Unidas, Susan Rice. O professor Jeffrey Sachs também tenta se credenciar como candidato.
Os países emergentes falharam em apoiar um nome comum na sucessão do FMI. O México apresentou a candidatura do presidente de seu banco central, Agustin Carstens, mas o Brasil e outros emergentes de peso acabaram votando na francesa Christine Lagarde.
Desta vez, afirma Studart, será diferente porque os países em desenvolvimento estão construindo uma candidatura do princípio. O tema foi levantado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião dos Brics na Cidade do México, em fins de fevereiro. Antes de definir seu voto, o Brasil pretende voltar a consultar os países do grupo e outras economias em desenvolvimento.
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