Fonte: Valor Econômico |
O que deveria ser um amplo debate aberto sobre impacto do câmbio no comércio acabará sendo uma discussão a portas fechadas hoje e amanhã na Organização Mundial do Comércio (OMC), por exigência dos Estados Unidos e da China, com ajuda do Canadá. Além disso, o Canadá parece querer eliminar rastros do debate. Exigiu que o seminário reunindo setor privado, governos, instituições internacionais e acadêmicos não tenha relatório e nem seja gravado, aparentemente para não deixar traços na OMC. Outras fontes, porém, insistem que o debate continuará no segundo semestre, como é o plano do Brasil tentar negociar um mecanismo de alívio cambial para frear importações quando a moeda estiver excessivamente valorizada. Diante da tentativa de esconderem a discussão, o Brasil resolveu organizar "briefings" para a imprensa depois de cada dia do seminário. A OMC, que não tinha planos de dar informações, resolveu então organizar um briefing final. O Brasil reagiu, marcando para mais tarde seu próprio encontro com os jornalistas, hoje e amanhã. A delegação brasileira reclama das declarações do diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, de que não haveria evidências de impacto do câmbio no comércio. O Brasil diz que o próprio estudo da OMC, de 2011, vê impacto no curto prazo. Um grupo de estudos da American University, em Washington, chefiado pelo professor Aluísio Campos, constatou que boa parte dos textos mencionados pelo estudo da OMC foi publicada, patrocinada ou mencionada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Quem falará pelo Brasil no seminário, na sessão do setor privado, será Josué Gomes da Silva, empresário do setor têxtil, e o que mais reclama de perda de competitividade provocada pelo câmbio. A escolha tem ainda mais simbolismo quando se sabe que o governo está próximo de abrir investigações de salvaguardas contra as confecções. No mesmo debate estará o presidente do Eximbank chinês. Na sessão dos governos, mediada pelo embaixador Roberto Azevedo, debaterão representantes da área de finanças da União Europeia, dos bancos centrais da Índia e do Canadá, e do Ministério da Economia da Turquia. Na sessão de instituições governamentais, representantes do FMI, Banco Mundial, OCDE e Unctad. E a sessão final terá acadêmicos da Irlanda, EUA, França e Costa Rica. |
terça-feira, 27 de março de 2012
Estados Unidos e China exigem debate fechado sobre câmbio na OMC
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