segunda-feira, 19 de março de 2012

Economia global saiu da zona de perigo, afirma Lagarde, do FMI

Fonte: O Globo
Alta dos preços do petróleo, porém, ameaça recuperação. China promete reformas

A economia global não está mais na beira do abismo e há sinais de estabilização na zona do euro e nos Estados Unidos, afirmou ontem em Pequim a diretoragerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. Mas ela alertou que o elevado endividamento dos países ricos e a recente alta dos preços do petróleo ainda representam riscos.

— A economia global pode estar no caminho da recuperação, mas não há muito espaço para manobra, muito menos para erros de política monetária — afirmou Lagarde.

Ela disse que os recentes sinais de estabilização, como dados positivos da economia americana e a reestruturação da dívida grega, mostram que as medidas tomadas contra a crise global estão surtindo efeito: — Na esteira desses esforços coletivos, a economia global recuou da beira do abismo, e temos razões para ser mais otimistas. Mesmo assim, o otimismo não pode nos levar a uma falsa sensação de segurança.

Ainda há grandes fraquezas econômicas e financeiras a enfrentar.

Lagarde vê yuan como moeda de reserva no futuro

A diretora-gerente do FMI apontou ainda outros fatores de risco, além do elevado endividamento dos países ricos.

— O avanço dos preços do petróleo está se tornando uma ameaça ao crescimento global.

E há um risco maior de que a atividade nas economias emergentes vá desacelerar a médio prazo — afirmou.

Lagarde também disse que o desemprego entre os jovens precisa ser combatido e que os países ricos têm de manter uma política fiscal equilibrada, além de fazer reformas no setor financeiro.

Já os emergentes, afirmou, precisam calibrar suas políticas macroeconômicas, tanto para evitar o contágio da crise nos países ricos como para evitar um superaquecimento.

Ela disse ainda, em reunião com autoridades e empresários da China, que o yuan chinês pode se tornar uma moeda de reserva no futuro, mas ressaltou que o país precisa de um sistema cambial mais flexível. A diretora- gerente do FMI ressaltou que a China mostrou liderança e adotou políticas adequadas quando a crise financeira eclodiu em 2008 — entre as quais um pacote de estímulo de mais de US$ 600 bilhões.

— A China foi essencial para ajudar a tornar o sistema econômico global menos propenso a crises — disse Lagarde, ressaltando, porém, que a incipiente recuperação reforça a necessidade de a China manter seu programa de reformas.

Ela disse ver três prioridades para a China. A primeira é manter o crescimento; a segunda, mudar a base da expansão econômica de investimento e exportações para o consumo interno. E, por último, promover uma distribuição mais ampla da riqueza.

A necessidade de reformas foi reforçada pelo vice-premier chinês, Li Keqiang. Depois do encontro com Lagarde, Li prometeu manter o crescimento com estabilidade de preços, além de promover reformas estruturais.

— A China atingiu um período crucial na mudança de seu modelo econômico. As reformas entraram em um estágio firme — disse Li, apontado como o sucessor do premier Wen Jiabao. — Adotaremos políticas mais focadas, flexíveis e de longo prazo para manter o crescimento econômico e os preços basicamente estáveis.

O vice-premier prometeu reformas mais profundas em impostos, no setor financeiro e na distribuição de renda. Ele disse ainda que as forças do mercado terão um espaço maior na economia.

BID reduz previsão de crescimento para AL

Já Lagarde disse que é crucial que as principais economias do mundo trabalhem juntas com o mesmo objetivo: — Estamos todos interconectados, e somos todos afetados pelas políticas uns dos outros.
Precisamos nos preparar para o sucesso juntos.

Enquanto isso, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) reduziu suas projeções para o crescimento dos países de América Latina e Caribe. O presidente do BID, Luis Alberto Moreno, disse ontem em Montevidéu que a região deve crescer apenas 3,6% este ano, em vez dos 5% estimados antes, devido à crise nos países ricos. Ele disse ainda que o futuro da região depende da China, forte compradora de commodities.

— Os maiores riscos para a América Latina não são internos — afirmou Moreno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário