Ministro mexicano informa cotas de exportação. Desenvolvimento não chancela
A novela envolvendo a revisão do acordo automotivo entre Brasil e México ganhou ontem mais um capítulo, marcado por informações desencontradas. Enquanto o governo mexicano anunciava que os dois países chegaram a um entendimento e concordaram em limitar as exportações de automóveis ao mercado brasileiro por um período de três anos, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior não confirmava a versão.
O ministro de Economia do México, Bruno Ferrari, que com a chanceler de seu país, Patrícia Espinoza, manteve reuniões com os ministros do Desenvolvimento e das Relações Exteriores, Fernando Pimentel e Antonio Patriota, na Cidade do México, deu inclusive os números das cotas de importação: US$ 1,4 bilhão durante o primeiro ano, US$ 1,56 bilhão no segundo e US$ 1,64 bilhão no terceiro.
A limitação do ingresso de automóveis, reivindicada pelo governo brasileiro, tem por objetivo equilibrar o intercâmbio bilateral. Desde 2008, a balança comercial de carros e peças entre os dois países está desfavorável ao Brasil em mais de US$ 1 bilhão. Esse cenário levou a presidente Dilma Rousseff a ameaçar romper o acordo, que está em vigor desde 2002.
Ferrari também anunciou um consenso no reajuste do índice de conteúdo local - parcela do automóvel composta por peças e insumos nacionais. O índice adotado pelo México, hoje de 30%, subirá para 35%, chegando a 40% em cinco anos, informou.
O ministro mexicano disse, ainda, que está em estudo a inclusão de veículos pesados no acordo, uma das solicitações brasileiras. Segundo ele, não há precisão de quando isso acontecerá. Tampouco, acrescentou Ferrari, há data para que os dois países voltem a negociar acordo comercial mais amplo, que vinha sendo discutido no ano passado.
Desde que o acordo automotivo bilateral entrou em vigor, há dez anos, o Brasil tenta convencer as autoridades mexicanas a ampliarem o tratado para o maior número possível de itens. Interessa ao Brasil, particularmente, vender produtos químicos e agropecuários ao México.
- A revisão do acordo automotivo passou a ser prioritária. Então, até que os dois países se acomodem com os novos termos, discutir um acordo mais amplo seria precipitado - disse Ferrari, em resposta a uma pergunta do GLOBO durante entrevista coletiva na capital mexicana.
Horas antes do anúncio de Ferrari, Pimentel comentou, em viagem a Pernambuco, estar otimista quanto a um entendimento. Ele disse que Brasil e México estavam na iminência de fechar a revisão do acordo automotivo entre os dois países.
- Estamos finalizando um entendimento que será bom tanto para brasileiros quanto para mexicanos - assegurou o ministro.
Pimentel sustentou que o entendimento passa pelo estabelecimento de cotas móveis de exportação dos veículos fabricados no México para o Brasil. Por esta fórmula, que poderia valer já este ano, os mexicanos se comprometeriam a limitar suas exportações à média do valor exportado nos três anos anteriores. Assim, em 2012, o número de veículos vendidos ao Brasil corresponderia à média observada em 2009, 2010 e 2011 - e, assim, sucessivamente.
No início da noite, mesmo com a entrevista de Ferrari, a posição do ministro brasileiro não havia mudado.
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