Plataforma de pagamentos internacionais cortará instituições financeiras de Teerã vetadas pela UE
Em mais uma etapa da estratégia do Ocidente para forçar o Irã a abandonar seu controverso programa nuclear, o maior sistema eletrônico mundial de pagamentos vai cortar a partir de amanhã os bancos de Teerã vetados pela União Europeia. A nova medida deve estrangular ainda mais a economia do país persa, que terá mais dificuldade para obter cartas de crédito ou realizar transferências internacionais de recursos.
A decisão do sistema Swift, sediado em Bruxelas, atende a uma ordem da União Europeia e à pressão feita pelos EUA. Em 2010, 19 bancos e 25 instituições afiliadas do Irã realizaram cerca de 2 milhões de pagamentos usando o sistema. Os números incluem bancos acusados pelos americanos de financiar atividade nuclear iraniana ou terrorismo, como Mellat, Post, Saderat e Sepah.
- Desconectar os bancos é um passo extraordinário e sem precedentes para o Swift. É um resultado direto da ação internacional e multilateral para intensificar as sanções financeiras contra o Irã - disse Lázaro Campos, presidente do sistema de pagamentos.
O governo de Barack Obama aplaudiu a mudança e disse que ela reflete o consenso da comunidade internacional de que o "aumento substancial da pressão" é necessário para convencer o Irã a tratar das preocupações sobre seu programa nuclear. Mas legisladores americanos pressionam por sanções ainda mais duras contra o país, alegando que o sistema Swift deveria erradicar todas as instituições financeiras de Teerã de sua rede, não apenas as que foram vetadas pelo Ocidente.
Para empresários, medida pode significar colapso
Desde o final do ano passado, o Irã tem gradualmente sido afastado do sistema bancário global. Graças ao uso de legislação contra a lavagem de dinheiro por Washington, negociar com o país se torna cada vez mais uma tarefa arriscada para os bancos, incluindo o financiamento do comércio.
Até então, empresários iranianos continuavam a fazer negócios por meio de Dubai e outros locais com a transferência de recursos através de casas de câmbio. Mas nas últimas semanas, estas instituições estão encerrando as transações com o rial, a moeda local que enfrenta grave desvalorização nos últimos meses. Agora, China e Índia, principais compradores do óleo iraniano, poderão ter que recorrer ao ouro para efetuar pagamentos.
Segundo a Reuters, dados de navegação mostram que embarcações com ao menos 360 mil toneladas de grãos estão prestes a descarregar no Irã, em um sinal de que o país está fazendo um grande estoque de comida para minimizar o impacto de sanções mais duras do Ocidente. O Irã começou até mesmo a comprar trigo de seu arqui-inimigo, os EUA.
Para os empresários iranianos, o resultado pode ser devastador para os negócios.
- É como se cortassem a nossa tábua de salvação - disse Naser Shaker, proprietário de uma empresa comercial exportadora de petróleo e gás em Dubai.
Para Morteza Masoumzadeh, membro do Conselho de Negócios Iranianos em Dubai, a proibição de usar o sistema de pagamentos pode causar o colapso de muitas empresas.
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