sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Com a redução dos subsídios, Argentina começa a subir tarifas

Fonte: Valor Econômico - 06/01/2012
Autor: César Felício

O metrô de Buenos Aires recebeu ontem o seu primeiro aumento de tarifa desde 2008. A partir de hoje, os 1,8 milhão de usuários diários das seis linhas, que somam 48 quilômetros, passarão a pagar 2,50 pesos argentinos por bilhete, o equivalente hoje a R$ 1,10. É 127% a mais do que o 1,10 peso que era pago até ontem.

O custo político do novo bilhete cairá sobre as costas do prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, que recebeu a gerência do sistema do governo federal na virada do ano. O repasse do metrô é uma das medidas dentro do pacote de desmontagem dos subsídios que o governo argentino deu início em novembro, logo após a reeleição da presidente Cristina Kirchner.

Mas a retirada do subsídio governamental não será completa: pelo acordo feito entre a prefeitura e o governo no último dia 3, um dia antes da licença da presidente para a retirada de um câncer na tireoide, o Tesouro Nacional continuará bancando metade do custo da operação, ou 350 milhões de pesos argentinos (cerca de US$ 81 milhões).

O maior impacto do fim dos subsídios residenciais e também para empresas, estes com repercussão na inflação, deverá acontecer no próximo mês. As tarifas públicas na Argentina em geral são cobradas de dois em dois meses, e apenas em fevereiro todos os usuários receberão a cobrança com os novos valores. Estão cortados os subsídios residenciais para gás, energia elétrica e água, e novos cortes devem ser anunciados para os subsídios recebidos atualmente por empresas.


O fim dos subsídios tem um significado fiscal, já que representa hoje uma despesa da ordem de 4% do PIB argentino, ou US$ 20 bilhões. Mas a medida abriu caminho para o reajuste das tarifas, o que potencializará os aumentos para o consumidor final e deverá tornar os preços internos argentinos competitivos para novos investimentos no setor energético.

O primeiro passo neste sentido ocorre no setor de gás. As distribuidoras, como a metropolitana Metrogas, soltaram um comunicado oficial anunciando que começaram a cobrar um preço diferencial pelo metro cúbico do gás importado. Atualmente, as distribuidoras são obrigadas a cobrar pelo gás importado o mesmo preço que praticam para o gás natural. Como há diversas categorias de cobrança, de acordo com o consumo do cliente, não é possível falar em um valor geral de reajuste.

Segundo publicou ontem o jornal "Clarín", o aumento para o consumidor residencial pode chegar a 248%, o que, somado ao fim do subsídio, poderá elevar a tarifa a mais de 500%. As tarifas de gás estavam congeladas desde 2003.

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