Rumores fizeram bolsas subir pela manhã e se confirmaram à tarde; fundo quer chegar a US$ 1 trilhão para combater turbulência na zona do euro
Os rumores sobre as negociações em curso já circulavam na Europa desde a última reunião de cúpula do G-20, realizada em Cannes, em novembro. Ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) confirmou: precisa de mais US$ 500 bilhões em seu caixa para fazer frente às exigências impostas pela crise das dívidas na zona do euro.
Diante do aumento dos rumores, a diretora-gerente da instituição, Christine Lagarde, afirmou que o Fundo precisa dispor de recursos para evitar "contrações excessivas de produção e renda". O anúncio foi feito em comunicado oficial divulgado ontem em Washington, motivado pelas especulações que circularam com força nos mercados da Europa.
Desde cedo, os investidores se mostravam otimistas com a informação de que o FMI teria seus recursos elevados a US$ 1 trilhão. Em nota, Lagarde atribui o debate sobre a recapitalização do Fundo "às necessidades de financiamento potenciais mundiais nos próximos anos", que chegam à casa do trilhão.
O montante serviria para reforçar os "esforços coletivos para conter a crise da dívida na zona do euro e proteger as economias ao redor do mundo das repercussões e contrações excessivas de produção e renda".
Em dezembro, líderes reunidos na cúpula da União Europeia já haviam recolhido € 150 bilhões - US$ 192 bilhões, em valores de ontem - em promessas de empréstimos ao FMI. Os maiores montantes seriam da Alemanha e da França. Além disso, espera-se que o Reino Unido aceite contribuir com € 50 bilhões, elevando o montante das doações de europeus.
Entretanto, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, tem condicionado o novo financiamento à participação de toda a comunidade internacional, e não apenas de europeus. E o governo de Barack Obama já informou que os EUA não têm intenção de contribuir no momento.
Espera-se que países europeus como Dinamarca, Suécia, República Checa e Polônia se pronunciem nas próximas semanas sobre a participação nos empréstimos bilaterais. Nos bastidores de Paris, a informação é de que a administração de Cameron pressiona os países nórdicos a não aceitarem a contribuição, salvo nos termos já defendidos pelo Reino Unido.
Além dos países da UE, o FMI deverá discutir o tema com os grandes emergentes, liderados por Brasil, Rússia, Índia e China - os Brics. Da parte do Brasil, tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já disseram que o País pretende participar dos empréstimos, desde que se modifique o equilíbrio de forças da instituição. Como Christine Lagarde já afirmou a jornalistas brasileiros, no FMI "quem paga o gaiteiro escolhe a música". Ou seja: o peso do voto é vinculado ao volume da contribuição.
"Além dos US$ 200 bilhões do acordo com a Europa, queremos levantar outros US$ 300 bilhões em outros países", diz a nota do FMI, assinada pela executiva francesa.
O tema da recapitalização do FMI volta à tona à medida que o primeiro encontro do ano se aproxima. Em 19 e 20 de fevereiro, no México, ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais se reúnem pela primeira vez no ano para começar a debater a próxima cúpula do G-20.
Em abril de 2009, os chefes de Estado e de governo haviam concordado em elevar os recursos do Fundo a US$ 1 trilhão, em um dos marcos do combate à crise iniciada com a quebra do banco Lehman Brothers. Desde então, o Fundo teve de intervir em programas de socorro na Grécia, na Irlanda e em Portugal.
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