Fundo pede urgência nas reformas estruturais na Europa e nos Estados Unidos, visando aumento de competitividade
Com a crise da dívida soberana da Europa como epicentro, o mundo corre o risco de enfrentar uma nova turbulência, alertou ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI). O alerta veio acompanhado da nova - e pior - projeção de crescimento da economia mundial para este ano e 2013.
Munido de mais US$ 500 bilhões, o FMI pediu urgência nas reformas estruturais na Europa e nos Estados Unidos, sobretudo para aumentar a competitividade, e defendeu o uso de recursos públicos para a elevação do capital dos bancos. "A recuperação mundial, que foi fraca, está em risco de estancar. O epicentro do perigo é a Europa. Mas o resto do mundo está afetado cada vez mais", afirmou Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI.
Blanchard deixou clara a possibilidade de as novas estimativas do Fundo para a economia mundial piorarem ainda mais se as recomendações da instituição não forem adotadas. Em setembro passado, o FMI previa um crescimento de 4,0% para a economia mundial, com expansão de 1,9% para o grupo das economias avançadas. A Europa cresceria 2,1%. Ontem, oficialmente, o FMI cravou sua nova estimativa de expansão de apenas 3,3% para o mundo e de 1,2% para as economias avançadas. A Europa sofreria queda de 0,5%. O FMI apenas manteve sua projeção para os Estados Unidos, que continua em 1,8%.
Blanchard indicou a menor preocupação do FMI com o desempenho das economias emergentes. O recuo na estimativa de crescimento desse conjunto de países para 2012 - de 6,1% para 5,4% - teria mais razões internas do que externas, conforme afirmou. Assim como em setembro, o economista-chefe do Fundo recomendou que esses países continuem em alerta e em contínuo monitoramento da Europa. Para o Brasil, a expansão inicial de 3,6%, em 2012, foi rebaixada pelo Fundo para 3,0%. Para a China, recuou de 9,0% para 8,2%.
Conforme acentuou o Fundo na sua atualização do Panorama da Economia Mundial, as perspectivas para o prazo mais curto "deterioraram-se visivelmente", sobretudo por causa dos novos estresses na zona do euro. Anteontem, a diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, fizera um apelo para que os países mais afetados façam a sua parte, enquanto o FMI melhor se equipa financeiramente para apoiá-los.
Ajuste fiscal. Carlo Contarelli, diretor de Assuntos Fiscais do FMI, alertou para a necessidade de os países europeus completarem seus planos de ajuste fiscal, com a adoção de reformas estruturais para garantir a elevação da competitividade e da produtividade. Mas, ele enfatizou ser preciso também melhor calibrar o ritmo de ajuste nas contas públicas.
José Viñals, diretor de Assuntos Monetários, sublinhou o quão necessário é para a Europa manter um colchão para amortizar o impacto da crise da dívida. O colchão, no caso, é o Banco Central Europeu. Apesar da queda nos juros de títulos públicos nas últimas semanas, um cenário mais tranquilo para os integrantes da zona do euro se financiarem não está garantido, alertou ele, porque os mercados de dívida soberana dos países e de fundos emitidos por bancos ainda estão sob estresse.
Viñals recomendou aos bancos europeus o aumento de capital, em vez do corte na oferta de crédito, e sublinhou a necessidade de eventualmente receberem fundos do setor público, sob compromisso de reestruturação.
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