Festa patrocinada pelo Brasil faz economista Nouriel Roubini cair no samba
A reunião do Fórum Econômico Mundial de Davos terminou ontem com a Europa tentando desesperadamente acalmar os empresários - e convencer o mundo de que vai sair mais forte da crise. De Hong Kong ao Canadá, os líderes usaram o último dia para pedir aos europeus que aumentem os recursos de resgate para proteger Itália e Espanha. E pressionaram a Grécia e seus credores a chegarem a um acordo sobre a reestruturação da dívida do país.
- Eu nunca estive tão apavorado como agora - admitiu Donal Tsang, chefe do Executivo de Hong Kong.
Já o presidente do banco central do Canadá, Mark Carney, disse que a crise deve subtrair um ponto percentual do crescimento global este ano. E num dos debates, um jovem empresário europeu que vive na China, deu o tom da visão asiática:
- A Europa acabou e as empresas europeias não valem mais nossos investimentos - disse, segundo a agência AFP.
O fórum de Davos também foi marcado por uma clara divisão entre os que defendem que a solução para a crise europeia é colocar a casa em ordem a qualquer custo - austeridade - e os que dizem que se todo mundo seguir por este caminho, o continente vai afundar ainda mais.
E foi assim, num clima de urgência, e com o pires na mão, que o encontro acabou. Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, mostrou sua bolsa e fez apelo para que países-membros do Fundo contribuam com US$500 bilhões adicionais para aumentar o poder de fogo no combate à crise. Mas muitos não se abalaram com o apelo e exigem que os europeus coloquem mais dinheiro e arrumem a casa.
Também sem surpresa, o mais pessimista dos economistas de Davos, Nouriel Roubini, também conhecido como "Dr. Apocalipse", previu não apenas uma "recessão severa" na zona do euro este ano, como a explosão da moeda no continente dentro de três a cinco anos, com a exclusão da Grécia no próximo ano.
- Acho que 2013 pode ser o ano da tempestade absoluta, com uma crise total na zona do euro e problemas orçamentários nos EUA - disse Roubini.
E já era madrugada de ontem quando o rei do pessimismo em Davos caiu no samba, descontraindo-se com seu paletó preto. Na noite da tradicional festa de Davos, anteontem - pela primeira vez, promovida pelo Brasil - não havia mais rastro da crise e nem do pessimismo que impregnou os debates este ano.
Sob o efeito da caipirinha, da dança e cores das plumas e roupas de uma porta-bandeira e um mestre-sala, só resistiram os mais tímidos. Os poderosos do mundo econômico viram na festa do Brasil tudo o que estrangeiro gosta: samba, feijoada e futebol. Mas sem estereótipos.
O Brasil nunca esteve tão ausente de Davos em matéria de autoridades (de ministro, só o das Relações Exteriores, Antonio Patriota). E nunca esteve tão presente em termos de marketing, com R$5 milhões em gastos.
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