À espera de novos incentivos, mercados se alegram com a desaceleração do crescimento chinês para 9,2% em 2011
Longe de provocar mais desalento aos já combalidos mercados acionários, a desaceleração no ritmo de crescimento da China, anunciada ontem, animou os investidores e levou as principais bolsas a encerrarem o dia no positivo. Na Europa, maior destino dos produtos chineses, o indicador que reúne os principais pregões atingiu a pontuação mais alta dos últimos cinco meses e fechou os negócios com valorização de 0,73%. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo voltou a operar acima de 60 mil pontos, puxada pela elevação de ações sensíveis ao preço das commodities (produtos básicos com cotação internacional), e subiu 1,14%, aos 60.645 pontos —nível mais expressivo desde julho de 2011. O índice Dow Jones, em Nova York, acompanhou o ritmo e encerrou o dia com ganho de 0,54%.
A leitura feita pelos analistas foi de que, apesar do desaquecimento em relação a 2010, o governo chinês está tendo sucesso em monitorar a perda de dinamismo na atividade interna, levando o país ao que, no jargão econômico, é conhecido como um "pouso suave". Além de entender que a China corre menos risco de uma queda brusca no desempenho, os mercados passaram a especular sobre novos incentivos à economia por parte do governo chinês. "Os investidores estão se beneficiando das notícias da China, mas não devido ao resultado e sim porque a desaceleração cria espaço para uma rodada de estímulos", comentou Philippe Gijsels, chefe de pesquisas do BNP Paribas.
O índice europeu que mede as ações do setor automobilístico avançou 2,8%, enquanto o de commodities subiu 1,4%. Entre as bolsas europeias, a de Frankfurt foi a que mais avançou, com alta de 1,82%. O bom humor na Europa se repetiu no Brasil, onde as ações da JBS Friboi e da Vale ficaram entre as maiores altas, com ganhos de 5,69% e 5,10%, respectivamente. "A boa notícia, na verdade, foi que a China não está despencando e, se esse crescimento for sustentado a taxas acima de 8%, ainda teremos, no Brasil, um bom mercado para as commodities", ponderou Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.
O Produto Interno Bruto da China cresceu no ano passado 9,2%, valor inferior aos 10,4% observados em 2010, mas acima das expectativas de mercado e da projeção de Pequim, que perseguia avanço em torno de 8%. Nos últimos três meses de 2011, o crescimento foi de 8,9%, menor patamar dos últimos dois anos e meio. A desaceleração foi puxada pelo desaquecimento das exportações e do mercado imobiliário. Para os economistas, a perda de ritmo deve continuar nos próximos trimestres.
Mesmo com a estimativa de arrefecimento, o bom humor influenciou a cotação do petróleo, que abriu o dia ontem em alta, cotado a US$ 112 o barril em Londres. Nos Estados Unidos, o preço do barril também ultrapassou os US$ 100. O dólar, em contrapartida, teve um dia de perdas e encerrou os negócios com queda de 0,42%, a R$ 1,780 para a venda.
Recessão italiana
A economia da Itália pode se recuperar em 2013, após uma contração em 2012, se os custos de financiamento do governo diminuírem e a diferença de remuneração entre os títulos públicos italianos de 10 anos e os alemães cair em cerca de 2 pontos percentuais, informou ontem o Banco Central do país. Hoje, os papéis estão até 5 pontos mais caros que a referência da Alemanha. Em relatório, o BC italiano previu que a economia deve encolher de 1,2% a 1,5% em 2012, mas se recuperar para crescer até 0,8% em 2013.
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