sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A África do Sul e o Fórum de Davos

Fonte: Valor Econômico
Autor: Miller M Matola

Como a África do Sul deveria se posicionar esta semana no Fórum Econômico Mundial de 2012 em Davos, na Suíça é algo que tem sido discutido há algum tempo entre membros do governo, líderes sul africanos e nossa equipe do Conselho Internacional de Marketing da África do Sul (Brand South Africa).

Evidentemente, assuntos de natureza política são discutidos em Davos, mas esse não é apenas um fórum político. É um fórum econômico e um espaço também para o diálogo comercial. O desafio que Davos lança aos líderes é pensar de forma criativa e colaborativa com o objetivo de propor soluções práticas para os complexos problemas da atualidade.

O tema deste ano em Davos - "A Grande Transformação: Dar Forma a Novos Modelos" - será especialmente relevante para a África do Sul e também para a África como um todo. O mundo vive um período de constante mudança desde o fim da guerra fria e a África está emergindo como um player cada vez mais importante, tanto na economia global como em estruturas internacionais.

De acordo com o FMI, na primeira década deste século, seis das dez economias que mais cresceram no mundo estavam na África subsaariana. O fundo prevê ainda que sete das dez economias que mais crescerão no período entre 2010 e 2015 serão da região.

Vejamos algumas estatísticas. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), na primeira década deste século, seis das dez economias que mais cresceram no mundo estavam na África subsaariana. O FMI prevê ainda que sete das dez economias que mais crescerão no período entre 2010 e 2015 serão dessa região.

Da mesma forma, o FMI acredita que em 2011 a África subsaariana tenha crescido a uma taxa anual média de 5,1%, em comparação com a média mundial de 3,9% e a média em economias avançadas de 1,6%.

Davos apresenta aos representantes sul-africanos, e de outros países da África, uma oportunidade de mostrar ao mundo essa transformação estrutural e assim mudar a natureza dos debates sobre as perspectivas da nossa região. Essa transformação continua ganhando força devido à estagnação das economias de países desenvolvidos, à crise da dívida soberana na União Europeia, às deficiências estruturais no setor financeiro e atuais crises políticas em muitas economias avançadas. Além disso, o declínio relativo do tradicional poder político e econômico exercido pelo Ocidente e a emergência de novas potências e grupos, tais como as nações Brics, estão mudando a forma como o mundo se define e se relaciona.


Em linha com o tema, destacaremos ainda como a entrada da África do Sul nos Brics abriu a porta para excelentes oportunidades de comércio e investimento. No momento, a África do Sul tem uma população de 50 milhões de pessoas e uma economia que vale US$ 527 bilhões. Estão sendo conduzidas negociações para estabelecer uma Zona de Livre Comércio Africano em até três anos, composta por 26 países do leste, sul e centro da África. A ZLC, com valor estimado de US$ 1 trilhão, expandiria o mercado para englobar 600 milhões de pessoas.

Junto com novos projetos para estradas regionais, infraestrutura ferroviária e portuária, a ZLC facilitará um fluxo mais eficiente de mercadorias, talentos e investimentos na região, além de aumentar a competitividade e exportação.

Apesar de a confiança nos mercados financeiros em várias regiões do mundo estar minada, a África do Sul tem alguma vantagem neste quesito. O Índice de Competitividade Global de 2011/12, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, relatou um elevado grau de confiança no desenvolvimento dos nossos mercados financeiros, fato que nos posicionou em 4º lugar no ranking global dessa categoria. O regulamento da Joanesburgo Securities Exchange (JSE) foi o primeiro colocado no mundo, assim como foi a força dos processos de auditoria e prestação de contas da África do Sul. Além disso, ocupamos o segundo lugar nas categorias solidez dos bancos e eficácia das diretorias de empresas.

Quanto aos investimentos estrangeiros diretos, devemos ressaltar o vasto potencial da África do Sul em mineração e recursos naturais. Somos o maior produtor mundial de platina, cromo, vanádio e manganês, e o terceiro maior em mineração de ouro. Também oferecemos serviços de mineração altamente sofisticados. O setor de beneficiamento de minerais é outra área de grande crescimento e foco, assim como são os setores de água; agro-processamento; desenvolvimento de economia verde; geração de energia; infraestrutura; e fabricação. A localização privilegiada da África do Sul, com acesso direto para o resto do continente africano e situado entre o Oriente, Américas, Europa e Oriente Médio, confere ao país muitas vantagens estruturais, tornando-o um excelente destino de investimentos e o parceiro ideal para o crescimento da África.

Neste Fórum Econômico Mundial em Davos, a África do Sul desempenha um papel fundamental no diálogo sobre os novos modelos de negócios, crescimento e investimento devido à crescente importância da África e às muitas vantagens competitivas oferecidas pela África do Sul.

Miller M Matola é CEO da Brand South Africa (Conselho Internacional de Marketing do Governo da África do Sul)

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