terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Brasil bate recorde no comércio exterior, mas crise já ameaça vendas

Fonte: Correio Braziliense
Autor: Sílvio Ribas
O comércio exterior do Brasil bateu recordes em 2011, mas terminou o ano sob forte efeito da crise econômica mundial e com crescente incerteza sobre o seu desempenho em 2012. Exportações de US$ 256 bilhões, com crescimento de 26,8%, e importações de US$ 226,25 bilhões (24,5% maiores) resultaram num superavit da balança comercial de US$ 29,79 bilhões. Puxado pelas vendas de produtos básicos (minério de ferro, soja e petróleo) para a China, o desempenho foi 47,8% superior ao do ano anterior e também o melhor em quatro anos, desde os US$ 40 bilhões de 2007.

"Os números principais ficaram bem acima das previsões feitas no começo do ano pelo governo e por analistas. Mas também refletiram o duro impacto da retração do comércio global no segundo semestre, sobretudo em dezembro", disse ontem Alessandro Teixeira, secretário executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Segundo ele, com o declínio nos negócios, o governo não conseguiu cumprir a meta de exportações para o ano, de US$ 257 bilhões. Pela mesma razão, os técnicos do ministério vão esperar a divulgação dos balanços e estimativas dos principais mercados importadores do Brasil — China, Estados Unidos, América do Sul e União Europeia — para fixar os alvos de 2012. "Só podemos afirmar que esperamos fechar este ano com superavit e mais exportações", acrescentou. A prova do cenário incerto, afirmou, é que empresas e entidades já anunciaram projeções de saldo oscilando entre queda de 7% e alta de 7,4%.

Na avaliação do secretário, entre os pontos favoráveis ao comércio externo brasileiro estão os incentivos oficiais em vigor, o real menos forte em relação ao dólar, preços ligeiramente estáveis de matérias-primas agrícolas e minerais e taxas de crescimento aceleradas nos mercados emergentes. Na contramão, figuram a estagnação europeia, a expansão acanhada nos EUA, crédito externo restrito e concorrência acirrada entre exportadores, sobretudo via "manipulação cambial" de governos.

Diante das dificuldades, o governo está preparando uma série de medidas destinadas a estimular as exportações de produtos industrializados. Sem entrar em detalhes, Teixeira indicou que elas devem envolver liberação de crédito especial aos exportadores, a exemplo de linhas já abertas em 2011. Ele sublinhou também que a área de defesa comercial do ministério deverá, enfim, ganhar reforço com o concurso aberto para contratar 157 servidores.


A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Lacerda Prazeres, observou que o ritmo de expansão das exportações vem caindo desde agosto, mas não impediu que o país tivesse uma média diária histórica de vendas, acima de US$ 1 bilhão. Mas dezembro teve desempenho 10,6% superior a igual mês de 2010, menos da metade da alta das importações (22,9% no mês).

Entre os produtos importados, os destaques de crescimento foram os combustíveis (42,7%) e os automóveis (39,2%). Nas exportações, Tatiana admitiu que minério de ferro e soja destinados prioritariamente para a China têm peso estratégico no resultado final. Esses produtos tiveram, no ano passado, altas superiores a 44% em valores, mas abaixo de 10% em volumes.

US$ 256 bilhões

Volume de vendas externas em 2011, com expansão de 26,8%

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