Mostrando postagens com marcador Brics. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Brics. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 27 de março de 2013

BRICS fecha acordo para criar banco do grupo

Fonte: Agência Brasil
 
O grupo do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) anunciou hoje (26) que chegou a um acordo para a criação de um banco de desenvolvimento comum destinado a financiar projetos de infraestrutura. A medida foi anunciada em Durban, na África do Sul, onde o grupo está reunido para discutir como manter o crescimento no meio da crise econômica internacional.
 
A instituição terá os mesmos moldes do Banco Mundial e deve financiar o grupo de países emergentes. Cada um deverá destinar US$ 10 bilhões para formar o capital inicial do novo banco, que deverá chegar a US$ 50 bilhões. O banco centrará as ações no financiamento de infraestrutura e atuará em concorrência direta com o Banco Mundial.
 
Durante o encontro, também foi discutida a criação de um fundo, estimado em US$ 100 bilhões para ajudar países com problemas financeiros.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Discurso de Patriota na Cerimônia de Abertura do Seminário "Os BRICS e o Sistema de Solução de Controvérsias da OMC"

Fonte: Itamaraty
 
Nota nº 247

Pronunciamento do Senhor Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Antonio de Aguiar Patriota, na Cerimônia de Abertura do Seminário "Os BRICS e o Sistema de Solução de Controvérsias da OMC" – Brasília, 10 de outubro de 2012

 
10/10/2012 -
(...)
É com especial satisfação que reinauguro hoje o Auditório Wladimir Murtinho com esta cerimônia de abertura de seminário sobre a relação entre os cinco países que conformam o grupo BRICS e o sistema de solução de controvérsias da OMC.
 
Falar dos BRICS é falar em superlativos. Tomados em seu conjunto, os países que compõem o grupo abrigam 40% da população mundial, ocupam um quarto do território do planeta e respondem por um quarto da economia mundial. Além dos Estados Unidos, quatro dos cinco BRICS são os únicos países a combinarem simultaneamente território superior a dois milhões de quilômetros quadrados, população acima de 100 milhões de habitantes e PIB nominal superior a US$ 1 trilhão. Segundo projeções do FMI, os países do BRICS deverão contribuir com cerca de 56% do crescimento do PIB mundial em 2012. Segundo estudo do Banco de Investimentos Goldman Sachs, que concebeu o conceito de BRICS, o PIB dos BRICS deve ultrapassar o do G-7 até 2030. Mas como essas previsões têm-se revelado, até certo ponto, conservadoras, preparemo-nos para que isso aconteça antes do previsto.
 
Falar do sistema de solução de controvérsias da OMC, por sua vez, é falar de uma obra exitosa. A todo tempo, mas especialmente em momentos de crise como os que vivemos hoje, contar com um mecanismo imparcial de solução de litígios, com densidade jurídica e capacidade de resposta rápida, constitui condição essencial para o bom funcionamento de um sistema de comércio baseado em regras. Respeitar as decisões do Órgão de Solução de Controvérsias da OMC é o que assegura que divergências bilaterais, mesmo de grande magnitude, sejam efetivamente resolvidas no plano multilateral pela força de raciocínios jurídicos imparciais.
 
Os BRICS não têm sido tímidos na utilização do mecanismo de solução de controvérsias da OMC: juntos, já somam participações em 365 disputas ao longo dos 18 anos de funcionamento do regime. O encontro que hoje se inicia vai permitir a troca de experiências acumuladas durante esse período, assim como a realização de avaliação crítica conjunta sobre o funcionamento do mecanismo.
 
Gostaria de saudar muito especialmente os especialistas da África do Sul, da China, da Índia e da Rússia que vieram de longe para participar deste seminário. Estou certo de que todos se beneficiarão dos debates que promoveremos aqui em Brasília hoje e amanhã.

Há exatamente um ano, na abertura de seminário que comemorou os 10 anos de criação da Coordenação-Geral de Contenciosos do Itamaraty, a CGC, referi-me a alguns dos principais desafios à atuação internacional do Brasil no plano comercial. Naquela ocasião, anunciei um conjunto de medidas destinadas a aprimorar o desempenho da diplomacia comercial brasileira em um contexto de crise econômica internacional. Este é o momento adequado para avaliar o que foi possível realizar desde então, bem como para projetar outras ações.
 
Ao longo desse exercício de balanço e projeções, é importante termos sempre presente o contexto internacional em que atuamos, e é preciso reconhecer que a crise que vivíamos há um ano lamentavelmente continua sem perspectivas de superação no curto prazo. Permanecem significativos os riscos de deterioração do ambiente econômico internacional, sobretudo devido à falta de solução clara para a questão das dívidas soberanas de países da Zona do Euro. Medidas de expansão monetária continuam a ser implementadas por países desenvolvidos, gerando efeitos negativos sobre os mercados cambiais dos países emergentes, inclusive do Brasil. Esse cenário impacta o comércio internacional, que se reduz em algumas regiões do planeta e, em áreas mais dinâmicas, cresce menos do que poderia. O FMI e a OMC nos alertam para o fato de que, em 2012, o comércio internacional deverá crescer em torno de 2,5%, taxa inferior ao crescimento de 5% em 2011 e inferior também à taxa de crescimento da economia mundial, projetada em 3,3%. Trata-se de reversão da tendência que prevaleceu por décadas, quando o comércio internacional cresceu, na média, em percentuais superiores ao crescimento da economia mundial.
 
Como mencionou a Senhora Presidenta da República em seu discurso de abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas este ano, uma resposta adequada à crise pressupõe a construção de amplo pacto pela retomada coordenada do crescimento econômico global. É importante que se diga que o Brasil tem cooperado na busca de uma solução coordenada para a crise, em especial no âmbito do G20. Os resultados alcançados até aqui, contudo, não são plenamente satisfatórios.
 
Um efeito colateral da crise foi o de chamar atenção para a crescente relevância dos temas financeiros nas questões de política externa, fato que passou a exigir dos diplomatas maior familiaridade com esse universo temático. Com o objetivo de reforçar a formação dos diplomatas brasileiros em matérias afetas ao funcionamento do sistema financeiro internacional, e em especial aquelas que integram a agenda do G20, o Instituto Rio Branco dará início, já no próximo mês de novembro, a curso de formação em temas financeiros, inteiramente ministrado por especialistas brasileiros da área e voltado especificamente para diplomatas.
 
A crise não afetou apenas o sistema financeiro internacional. Como sabemos, seus efeitos projetaram-se também sobre o sistema multilateral de comércio. Em julho de 2008, estivemos muito próximos de concluir as negociações lançadas em 2001 em Doha, o que certamente teria auxiliado o mundo a atravessar melhor a crise que eclodiria apenas três meses depois. A conclusão da Rodada Doha teria permitido corrigir algumas das distorções mais notáveis do comércio internacional, a maior delas, como se sabe, relativa ao comércio de produtos agrícolas. A Rodada Doha, contudo, paralisou-se diante de um impasse e assim permanece.
 
O compromisso brasileiro com o multilateralismo, no entanto, permanece inequívoco. E o Brasil continua empenhado em fazer avançar a Rodada Doha, na expectativa, contudo, de que seja possível fazê-lo de forma equitativa, equilibrada e compatível com seu mandato negociador. Permanecem válidas as razões que levaram a comunidade internacional a lançar a chamada “rodada do desenvolvimento”. E o Brasil não contempla a hipótese de abandono de mandato aprovado pela totalidade dos membros da OMC para a Rodada, como sugerem alguns. Não há mais espaço para rodadas de negociação comercial construídas exclusivamente em torno das prioridades de certos países desenvolvidos.
 
O impasse na Rodada Doha não retira da OMC, contudo, a qualidade de instituição multilateral vigorosa e central. A diplomacia brasileira acredita na condição da OMC de locus essencial para a discussão dos grandes temas do comércio internacional. Evidência disso está na iniciativa brasileira de discussão da relação entre câmbio e comércio, lançada na OMC de forma um tanto provocadora em 2011. O Brasil continuará apoiando as discussões sobre o tema no âmbito da OMC, tendo em vista tratar-se de questão fundamental no contexto de uma economia mundial sem as paridades fixas do sistema de Bretton Woods.
 
Clara evidência da centralidade da OMC está igualmente na persistente relevância do mecanismo de solução de controvérsias da Organização, que nos reúne todos aqui hoje neste seminário.
 
E nesse particular, gostaria de me referir a algumas das medidas anunciadas em outubro de 2011. Conforme previsto, a Coordenação-Geral de Contenciosos (CGC) teve seu quadro de diplomatas duplicado, os quais, ao longo do último ano, beneficiaram-se de diversos cursos de aperfeiçoamento em matérias afetas ao comércio internacional, alguns deles oferecidos pela própria OMC. A disciplina “OMC e Contenciosos” tornou-se cadeira obrigatória no currículo de formação do Instituto Rio Branco, despertando em jovens diplomatas brasileiros interesse e capacidade de atuação nessa área desde o início de suas carreiras. Na data de hoje, o Itamaraty faz o lançamento oficial da nova página web da CGC, concebida para facilitar o acesso do conjunto da sociedade brasileira a informações de qualidade sobre a participação do Brasil no sistema de solução de controvérsias da OMC.
 
Melhor equipada, a CGC tem podido cumprir suas funções de maneira mais eficiente, tanto nas atividades relativas ao funcionamento do mecanismo de solução de controvérsias da OMC, como no assessoramento às demais unidades do Itamaraty e a outros órgãos do Governo brasileiro em questões relacionadas às disciplinas multilaterais de comércio. O reforço institucional da CGC revelou-se tão mais oportuno ao se constatar que, em um ambiente de crise, o número de contenciosos iniciados nos nove primeiros meses de 2012 triplicou em relação ao mesmo período do ano passado.

Ainda neste contexto, desejo fazer referência a importantes atos que acabo de assinar com o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA. O Protocolo de Intenções firmado com a OAB, a exemplo de instrumento semelhante firmado há um ano com a Advocacia-Geral da União (AGU), fornecerá base para o desenvolvimento de atividades comuns de capacitação, com vista ao aperfeiçoamento de advogados e diplomatas em temas afetos ao direito do comércio internacional. O instrumento viabilizará estágios de advogados indicados pela OAB na CGC, bem como na Missão do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio, em Genebra. Os instrumentos firmados com a OAB e a AGU integram esforço, iniciado pelo Itamaraty já há sete anos, em favor da formação no Brasil de profissionais do Direito, tanto no setor público como no privado, especializados nas disciplinas do comércio internacional.
 
O Acordo de Cooperação Técnica firmado entre o Itamaraty e o IPEA, por sua vez, viabilizará a realização de estudos e pesquisas de interesse mútuo no campo das relações econômicas internacionais. Esse trabalho conjunto se converterá em valioso instrumento de apoio para diplomatas que atuam tanto em negociações comerciais como na defesa de interesses brasileiros em contenciosos.
 
Ao referir-me à associação da diplomacia comercial brasileira com a reputada qualidade do trabalho de pesquisa realizado pelo IPEA, permito-me abrir parêntese para sublinhar o vínculo crescente entre comércio, conhecimento, tecnologia e inovação. Estamos cientes de que uma melhor inserção do Brasil no comércio internacional está ligada a nossa capacidade de produzir mais e melhor, o que só se faz com a ajuda do conhecimento. E por essa razão, o apoio conferido pelo Itamaraty à melhoria da formação do profissional brasileiro – como, por exemplo, na implementação do programa Ciência sem Fronteiras, que pretende levar 100 mil jovens brasileiros a estudar nas melhores universidades do mundo – hoje é parte integrante da lógica de promoção de ganhos em competitividade e de melhores condições de participação do Brasil no comércio internacional.
 
Nesse sentido, tenho a satisfação de referir-me à Declaração Conjunta entre o Itamaraty e o Instituto Brasileiro do Algodão, assinada na data de hoje, mediante a qual as duas partes se comprometeram a reservar o montante inicial de US$ 8 milhões – parte dos recursos oriundos do entendimento Brasil-EUA no âmbito do contencioso do algodão – para financiar bolsas de estudo e, dessa forma, promover o conhecimento e a capacitação técnica no campo da cotonicultura. Essas bolsas beneficiarão estudantes brasileiros de agronomia, que irão para universidades estrangeiras frequentar cursos relacionados à cotonicultura, bem como estudantes de países em desenvolvimento (da África Subsaariana, Mercosul e associados, Haiti), que frequentarão cursos e estágios oferecidos pela EMBRAPA, além de cursos na área de Agronomia Cotonicultora nas melhores faculdades de Agronomia do País, em Viçosa, Lavras e São Paulo.
 
Ao fazer referência à utilização de recursos oriundos do contencioso do algodão em projetos de cooperação voltados para o desenvolvimento da cotonicultura em terceiros países, quero anunciar a assinatura com a FAO, no próximo dia 17 de outubro, em Roma, de projeto de cooperação destinado ao fortalecimento do setor algodoeiro em países da América Latina e do Caribe. Para o custeio desse projeto, será disponibilizado à FAO o montante de US$ 10 milhões repassados pelo Instituto Brasileiro do Algodão.
 
Essas atividades refletem um aspecto interessante da atuação diplomática em contenciosos comerciais: a partir de uma vitória emblemática na OMC contra subsídios agrícolas ilegais, consegue-se estruturar, com base no recebimento de compensação financeira temporária, iniciativas benéficas não só para a cotonicultura brasileira, mas também, em espírito de solidariedade, para a agricultura de outros países que sofrem igualmente os efeitos perniciosos dos programas de subsídios ilegais questionados pelo Brasil.
 
A diplomacia comercial brasileira, em sua relação direta ou indireta com o sistema de solução de controvérsias da OMC contempla, ainda, ações de monitoramento da observância de compromissos assumidos com o Brasil no campo comercial.
 
A esse respeito, menciono termos realizado amplo esforço de identificação de barreiras ao acesso do produto brasileiro a mercados de alguns de nossos principais parceiros comerciais, conforme anunciado há um ano. Com a colaboração das Embaixadas do Brasil em países selecionados (África do Sul, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, Índia, Japão, México, Rússia, Suíça, Turquia e União Europeia), a identificação de barreiras – inédita, vale dizer – está sendo no momento consolidada e sistematizada. Esse mapeamento deverá constituir ferramenta de grande utilidade na defesa de interesses comerciais específicos em foros bilaterais, regionais ou multilaterais. Quando concluída essa etapa do trabalho, uma seleção de dez novos mercados será efetuada para dar continuidade, nos próximos meses, a esse exercício.
 
Cumpre mencionar, ainda, que se encontra plenamente operativo no Itamaraty o “Núcleo China”, força-tarefa voltada para o acompanhamento quotidiano das relações econômico-comerciais do Brasil com seu maior parceiro comercial individual. O “Núcleo China” conta com uma base de dados sobre o comércio bilateral, que é permanentemente atualizada, e está em condições de acompanhar os termos em que estão sendo implementados, de lado a lado, os compromissos assumidos pelos dois Governos em matéria de comércio e investimentos.

No campo negocial, o Brasil dedica atenção prioritária à integração sul-americana e, muito especialmente, à consolidação e ao aprofundamento do Mercosul. A rede de acordos comerciais negociados no âmbito da ALADI assegurará a conformação de uma zona de livre comércio sul-americana em 2019. E para aquilatar a importância dos vizinhos latino-americanos para o comércio exterior brasileiro, basta atentar para o fato de que eles absorvem mais de 40% das exportações de manufaturados do País.
 
O Mercosul mantém sua centralidade, portanto. E o recente ingresso da Venezuela no bloco confirmou a vocação do Mercosul de afirmar-se como eixo estruturante da integração da América do Sul, unindo o Norte e o Sul do continente e articulando suas porções amazônica e caribenha. A Venezuela – país que registrou, no mundo, o maior aumento relativo de importações em 2011 e no primeiro quadrimestre de 2012 também – reforçou o mercado ampliado do Mercosul em cerca de 28 milhões de novos consumidores. E com a Venezuela, o Mercosul adquiriu nova dimensão territorial, populacional, econômica e política.
 
Na condição de membros de uma união aduaneira, os Estados Partes do Mercosul só podem negociar, como sabemos, acordos comerciais com terceiros países ou blocos se atuarem em conjunto. Face à paralisia da Rodada Doha – ou talvez mesmo em razão dessa paralisia – muitos países buscam saídas para seu comércio exterior em acordos comerciais bilaterais ou regionais. Esses instrumentos são firmados por países que competem conosco em terceiros mercados, onde o produto brasileiro corre o risco de ter sua competitividade erodida. Não estamos indiferentes a esse risco.
 
Os avanços sociais alcançados no Brasil pela via da implementação de políticas inclusivas ao longo da última década levaram à conformação de uma ampla classe média no País, integrada por mais de 100 milhões de consumidores. Se esse segmento formasse uma unidade independente, estaria entre os 20 países com maior poder de consumo no mundo. São números que explicam o crescente interesse pelo mercado brasileiro. Desnecessário frisar que se trata de valiosa moeda de troca em negociações comerciais que decidirmos empreender.
 
Na agenda externa do Mercosul, destacam-se as negociações com a União Europeia, que já se estendem por 13 anos. Neste momento, o Governo brasileiro realiza consultas públicas para aferir o interesse dos agentes econômicos no avanço das negociações com os europeus, assim como no início de negociações com o Canadá, ambas decididas pela CAMEX. É importante que os agentes econômicos tenham presente que ficarmos onde estamos pode não nos assegurar as fatias de mercado que conquistamos até aqui. Em outras palavras, ficar parado, neste caso, pode significar retroceder.
 
Com o objetivo de avaliar o desenho e o alcance dos acordos comerciais bilaterais e regionais de geração mais recente, o Itamaraty promoverá a realização de estudo sobre essa rede de acordos e seus potenciais impactos sobre interesses comerciais brasileiros, em especial aqueles envolvendo países da América Latina.
 
Além da conquista de melhores condições de acesso a mercados para bens e serviços brasileiros, é fundamental que os agentes econômicos possam fazer bom uso do que já foi possível obter com os acordos negociados até aqui. E é esse o campo de atuação da promoção comercial, faceta fundamental da diplomacia comercial brasileira.
 
Há um ano, em uma conjuntura de estagnação das negociações na OMC e de redução do dinamismo da economia mundial, já era evidente a relevância da crescente participação do Brasil em feiras e exposições, bem como da realização de missões comerciais que propiciassem novas oportunidades de negócios. Dos 145 eventos internacionais projetados para 2012, 117 já foram realizados. E em 2013, o Itamaraty pretende realizar mais de 150 eventos.
 
Para além desses números, queria destacar a qualidade da presença brasileira em mostras internacionais de grande relevância, tais como a CeBIT na Alemanha, uma feira de tecnologia da informação que, como os senhores sabem, contou com a participação da Senhora Presidenta da República, bem como a SIAL na China, a Expomin no Chile e a Saitex na África do Sul. Consoante com a prioridade conferida pelo Governo brasileiro à conquista de novos mercados, o Itamaraty garantiu a participação brasileira em um total de 60 feiras e exposições na Ásia, América Latina, África e Oriente Médio.
 
No que se refere aos chamados roadshows e a outras iniciativas de promoção de investimentos, o Itamaraty terá participado, até o final do ano, de pelo menos 21 ações em praças internacionais tão importantes como Cingapura, Xangai, Dubai, Doha, Frankfurt e Londres. Em 2013, o Itamaraty planeja elevar o número dessas ações a 25. Em parceria com a CNI, o Itamaraty tem sido capaz de prestar amplo apoio ao investidor brasileiro na organização de missões empresariais ao exterior, de que são exemplos eventos realizados em Jacarta, Hanói, Bogotá e Lima.
 
Não posso deixar de fazer referência, ainda, à organização – em colaboração com outros órgãos de governo – de missões empresariais por ocasião das visitas oficiais da Senhora Presidenta da República a Moçambique, África do Sul e Angola, no final de 2011, e à Bélgica, Bulgária, Turquia, Índia, Alemanha, Estados Unidos e Peru neste ano.
 
Conforme anunciado um ano atrás, o Itamaraty realizou reuniões regionais – no Oriente Médio e na América do Sul – para os Chefes dos Setores de Promoção Comercial envolvendo duas dezenas de Embaixadas brasileiras no exterior, ocasiões que se revelaram valiosas para treinamento e troca de informações entre os participantes. O próximo encontro com esse perfil ocorrerá na América do Norte, no primeiro trimestre de 2013.
 
O firme compromisso do Itamaraty com treinamento e capacitação de funcionários do serviço exterior brasileiro no campo da promoção de comércio está refletido, ainda, na introdução da cadeira “Diplomacia e Promoção Comercial” no currículo do curso de formação de diplomatas em 2012.
 
Menciono, ainda, a criação na estrutura do Itamaraty, em janeiro de 2012, da Divisão de Investimentos. A criação dessa nova unidade veio responder à necessidade de que o Itamaraty se adeque à nova realidade resultante tanto do expressivo aumento dos investimentos diretos estrangeiros no País como da aceleração do processo de internacionalização das empresas nacionais.

Por fim, faço referência à realização, à margem da Reunião de Cúpula do Mercosul em Brasília, no início de dezembro, do I Fórum Empresarial do Mercosul. O evento, o primeiro do gênero em 21 anos de história do Mercosul, será realizado com o apoio da APEX e da CNI e deverá reunir entre 400 e 500 empresários do bloco. As discussões do Fórum serão organizadas em torno de quatro eixos temáticos, da maior relevância para a promoção do desenvolvimento e da integração regional, em particular, agronegócio, energia, inovação e infraestrutura e logística.
 
Senhoras e Senhores,
 
O balanço encorajador que faço da implementação das medidas anunciadas há um ano serve de incentivo para que novas ações sejam empreendidas pela diplomacia brasileira em favor da abertura de mercados para produtos e serviços, do apoio permanente à atuação dos agentes econômicos nacionais no exterior e do treinamento contínuo dos membros do serviço exterior do Brasil.
 
Juntamente com os demais países que integram o BRICS, o Brasil tem dado sua contribuição para a retomada do crescimento do comércio internacional e, por essa via, mitigar os efeitos da crise e criar condições para que seja superada. Em termos globais, o comércio Sul-Sul tem crescido em ritmo superior ao dos fluxos tradicionais Norte-Norte e Norte-Sul: segundo a UNCTAD, 19% anuais em média, entre 2001 e 2010, enquanto o comércio mundial cresceu 12% em média no mesmo período. No Brasil, 59% das exportações nacionais destinam-se a países em desenvolvimento e 51% das importações provêm desse grupo de países.
 
À medida que aumenta a participação do BRICS no comércio internacional, aumentam também sua influência e responsabilidade. O seminário que se inicia hoje fornece oportunidade para conhecermos melhor a visão que cada um dos cinco países tem de um dos pilares do sistema multilateral de comércio, que é o mecanismo de solução de controvérsias da OMC.
 
Com essas palavras, declaro aberto o seminário, desejando a todos que tirem o melhor proveito das discussões que se iniciarão a seguir.
 
Muito obrigado.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Posição ameaçada no Brics


Fonte: O Estado de S. Paulo
 Expectativa com o Brasil é exagerada, diz O"Neill

Criador do termo Bric diz que a posição do País como potência emergente pode ser questionada se o crescimento não acelerar nos próximos anos

O presidente do Goldman Sachs Asset Management, Jim O"Neill, criador do termo Bric (que reúne Brasil, Rússia, Índia e China), afirmou ontem que a posição do Brasil no grupo pode ser questionada se o crescimento econômico do País não acelerar nos próximos anos.

Em 2001, O"Neill criou o termo Bric ao identificar os países que seriam as potências econômicas do futuro. Agora, ele afirma que, para manter esse status, o Brasil precisa melhorar sua taxa média de crescimento.

"O que acontecerá em 2012, em termos de crescimento do PIB, não é tão crucial. Mas nesta década o Brasil precisa recuperar uma taxa de crescimento mais forte rapidamente. Se isso não acontecer, então o poder do B no termo Bric começaria a parecer um pouco questionável", afirmou.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Brics devem ter posição única sobre FMI

Fonte: Valor Econômico
Autor:  Sergio Lamucci

Os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) devem acertar uma posição conjunta antes do começo da reunião do G-20, na próxima segunda-feira, em Los Cabos, no México, mostrando que estão dispostos a ajudar com mais recursos no combate à crise global, desde que consigam mais poder nas instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo uma fonte do governo brasileiro, o país vai adotar uma posição dura em relação aos governos da Europa e dos EUA, que resistem em dar andamento às reformas que darão mais poder de voto aos emergentes.

O encontro dos Brics vai ocorrer na segunda-feira de manhã, antes da abertura da cúpula do G-20, a organização formada por 19 países mais a União Europeia (UE), que se reúne no México até a terça-feira. A fonte lembra que, nos Estados Unidos, a proposta de mudança para as regras do FMI nem sequer foi enviada ao Congresso, um exemplo que deixa claro que os países desenvolvidos pouco têm feito nessa direção. Para o Brasil, é fundamental acelerar o andamento das reformas dessas instituições.

Nessa reunião, é possível que se discutam os valores a serem aportados pelos Brics para o reforço de caixa do FMI de US$ 430 bilhões, decidido pelo G-20 em abril. Mas, segundo a fonte, antes da definição de qualquer valor, a questão mais importante é o que será oferecido para os países emergentes.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

FMI terá ajuda de Brics em aporte de US$ 400 bi

Fonte: Valor Econômico
Autor:  Alex Ribeiro

O Brasil deu indicações de que irá contribuir no reforço do caixa do Fundo Monetário Internacional (FMI), junto com os outros países que formam os Brics, pavimentando o caminho para o anúncio hoje de um aporte de pelo menos US$ 400 bilhões no organismo em reunião do G-20 em Washington.

Ontem pela manhã, o aporte ainda estava cercado de incerteza, e a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, evocou o espírito multilateralista dos Brics, numa tentativa de persuadi-los a contribuir. O Brasil e outros países do grupo ameaçavam fazer jogo duro para liberar recursos, exigindo a aceleração na reforma nas quotas do FMI, que teoricamente dará maior peso aos países emergentes nas votações do organismo.

O clima melhorou apenas depois de reunião dos ministros das finanças dos Brics, no início da tarde. "O Brasil desde o início vê a necessidade de reforço no FMI, mesmo porque a crise internacional não está resolvida", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, logo após o encontro.

Ele, porém, evitou falar em cifras, alegando que primeiro será preciso um compromisso de países europeus com as reformas do FMI. Mas não são esperados impasses muitos sérios, já que as exigências não são muito ambiciosas: o Brasil quer uma declaração no comunicado do G-20 reafirmando, mais uma vez, o cronograma da reforma das quotas.

A expectativa é que a contribuição da China chegue a até US$ 60 bilhões, mesmo volume de recursos já anunciado pelo Japão. O Brasil deverá injetar algo em torno de US$ 10 bilhões, quase repetindo a quantia emprestada em 2009.

O FMI pede um reforço no seu caixa de US$ 400 bilhões para criar uma muralha de proteção para impedir que a crise europeia se espalhe dentro da própria Europa e a outras partes do mundo. Inicialmente, o FMI pedia até US$ 600 bilhões, mas reviu suas pretensões, diante da resistência de alguns países em contribuir, como os Estados Unidos e Canadá. Países europeus e o Japão já se comprometeram com US$ 320 bilhões.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Economista espera protagonismo dos Brics

Fonte: Valor Econômico
Autor:  Guilherme Serodio

A divergência entre países desenvolvidos e em desenvolvimento quanto a priorizar desempenho econômico ou proteção ambiental não deve travar a Rio+20. A opinião é do economista e ecologista Sérgio Besserman. "O mundo hoje é muito mais multipolar", disse.

Ex-presidente do IBGE e ex-diretor da área social do BNDES, Besserman atua em questões ambientais há pelo menos duas décadas. Membro do conselho diretor da ONG WWF-Brasil, ele preside atualmente o grupo de trabalho da Prefeitura do Rio para a Rio+20.

Por ser sediada no Brasil e ter como tema economia verde e combate à pobreza, Besserman acredita que a Rio+20 pode ter nos Brics uma força propulsora, "a favor de uma declaração política mais contundente, mais corajosa no enfrentamento das mudanças climáticas". Ele prevê que os líderes de Rússia, Índia, China e África do Sul virão todos à conferência.

O economista não exime as potências emergentes de responsabilidade na implantação do desenvolvimento sustentável. Para ele, países em desenvolvimento como China, Índia e Brasil "ainda padecem de uma visão anacrônica de que o combate à pobreza depende de manter o desenvolvimento nos padrões do século passado". Um equívoco, pois a crise ambiental se abate principalmente sobre "os pobres do planeta, [que estão] em posição mais vulnerável e têm menos recursos para se defender".
Os emergentes precisam perceber que a fronteira tecnológica do Século XXI será definida pela economia de baixo carbono. "Se Brasil, China, Índia, África do Sul e Rússia se agarrarem ao modo antigo de produzir, poderão evitar alguns custos nos próximos anos, mas mais à frente pagarão o custo da perda de competitividade no novo modo de produção", disse.

O Brasil tem que explorar o pré-sal, diz, mas o governo deveria concentrar seu ativismo e recursos no desenvolvimento das fontes de energia alternativas que serão mais competitivas no futuro, diz, quando o custo de emitir gases-estufa estiver no preço dos produtos.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Brasil quer Brics com uma só voz no G20

Fonte: Valor Econômico
Autor: Sergio Leo

O grupo conhecido como Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem muitas divergências e um ponto em comum: o desafio à ordem internacional comandada pelo clube dos chamados países ocidentais, que tem o Japão como membro honorário - desafio que merece qualificação, já que ficou no passado a ambição de confrontar o sistema capitalista, como sonharam antigos agrupamentos plurinacionais. Indiferente ao ceticismo que ronda as iniciativas do grupo, o governo brasileiro planeja fortalecer, com os heterogêneos parceiros, propostas próprias de política externa. Um de seus primeiros testes será o G20.

Nos próximos dias, os ministros de Finanças dos cinco países deverão se reunir, como já costumam fazer às margens das reuniões do próprio G20 (o grupo das economias mais influentes do planeta) e nas reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Mas, desta vez, em lugar da troca informal de impressões e propostas que caracteriza essas reuniões, a presidente Dilma Rousseff orientou o Ministério da Fazenda a buscar um documento comum, uma proposta unificada dos Brics para influir no documento final da próxima reunião do G20, em junho, no México.

"No G20, vamos transmitir uma forte mensagem de coesão política, tanto Brasil e Índia quanto os Brics", adiantou a presidente, em um seminário empresarial, há duas semanas, durante viagem à Índia. A reunião de governantes dos Brics, que levou Dilma a Nova Déli, já esboçou o que deverá conter a proposta do grupo para o G20, se, de fato, se confirmar a previsão de Dilma quando à "coesão" de um grupo com interesses geopolíticos e econômicos tão distintos.

Ministros de Finanças discutirão proposta conjunta

sexta-feira, 30 de março de 2012

Emergentes exigem pressa na reforma do FMI


Fonte: O Globo
Autora: Deborah Berlinck
Líderes do Brics decidem fazer pressão conjunta e pedem responsabilidade macroeconômica por parte dos países ricos

Líderes das cinco potências emergentes do Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, disseram estar preocupados com o ritmo lento de reforma das cotas e da governança do Fundo Monetário Internacional (FMI) - instituição que cresceu em importância e é hoje o principal órgão por trás do esforço para debelar a crise mundial, em particular na Europa. Numa declaração conjunta ao fim do quarto encontro de cúpula do bloco, na capital indiana, os presidentes Dilma Rousseff, Hu Jintao (China), Dmitri Medvedev (Rússia), Jacob Zuma (África do Sul) e o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, cobraram ação urgente para reformar a instituição. E formalizaram a ameaça que já vinham fazendo individualmente: só vão colocar mais dinheiro no FMI se houver mudança em sua estrutura.

"Frisamos que o atual esforço para aumentar a capacidade de empréstimo do FMI só será bem-sucedido se houver confiança de que todos os membros da instituição estão realmente comprometidos a implementar fielmente a reforma de 2010", diz o comunicado.

Naquele ano, o FMI aprovou um novo sistema de cotas e votos que, na prática, vai colocar Brasil, China, Índia e Rússia entre os dez maiores membros cotistas, com peso nas decisões. Pelo acordo, europeus perdem dois dos nove assentos que têm na diretoria. Mas os Estados Unidos ainda não ratificaram o acordo, e os europeus não estão com pressa - razão da crescente frustração dos emergentes.

Os cinco líderes também se queixaram da nova onda de instabilidade nos mercados, provocada, sobretudo, pela crise na zona do euro. Em tom quase professoral, eles exortaram o mundo rico a adotar políticas macroeconômicas e financeiras responsáveis, a fim de evitar o contágio.

Brics busca unidade entre contradições

Fonte: O Globo
É consenso há algum tempo que as instituições e pactos multilaterais surgidos no final da Segunda Guerra não mais refletem o novo equilíbrio de poder mundial. Vem daí a pressão de nações emergentes para obterem mais espaço nos centros de decisão das Nações Unidas e Fundo Monetário, apenas para citar os dois organismos mais proeminentes da governança global.

O encontro de cúpula do Brics, onde estão representados Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - o "s", de South Africa, no acrônimo -, realizado esta semana em Nova Delhi, refletiu, como esperado, a posição crítica do grupo diante do fato de já ter um peso no planeta não refletido nestes e outros organismos multilaterais.

Juntos, os cinco países respondem por 25% do PIB planetário - fatia que tende a se alargar com a crise europeia - e abrigam 40% da população mundial. Em termos de valor da produção, eles movimentam anualmente US$ 13,5 trilhões, quase um PIB americano.

No documento final da reunião, foi devidamente cobrada a execução este ano, como estabelecido, do acordo pelo qual países emergentes como o Brasil terão ampliado o número de cotas no FMI. De maneira nem tão sutil, o Brics mandou o recado: recursos para ajudar a resolver o imbróglio europeu serão colocados disponíveis sem maiores embaraços à medida que a reforma do Fundo avance. O argumento é forte, pois China, Índia e, em plano mais abaixo, Brasil têm elevadas reservas externas e podem, via FMI, ajudar bastante no mecanismo financeiro de estabilização das economias europeias avariadas. O dinheiro já foi oferecido, mas nestas condições.

Dilma critica barreiras impostas aos emergentes

Fonte: O Estado de S. Paulo
Ao discursar na 4.ª reunião dos Brics, que reúne Brasil, Índia, China, África do Sul e Rússia, a presidente Dilma Rousseff criticou as barreiras "injustas" impostas pelos países ricos aos emergentes. "A consequente depreciação do dólar e do euro traz enormes vantagens comerciais para os países desenvolvidos e coloca barreiras injustas à competitividade dos produtos oriundos dos demais países, em especial o Brasil", disse Dilma. E avisou: "Contudo, nós, do Brasil, não queremos, não iremos, nem concordamos em um processo de levar a uma competição na qual cada país tenta sair da crise desvalorizando sua moeda e o ganho de seus trabalhadores".

A presidente Dilma defendeu "uma nova política de combate à crise, uma política baseada na expansão do investimento e do consumo, na expansão dos mercados internos das principais economias mundiais e no crescimento equilibrado do comércio internacional". Ela reiterou que "medidas exclusivas de política monetária não são suficientes para superação dos atuais problemas da economia mundial". Para ela, "a recessão, o desemprego e a precarização do trabalho apenas ganham tempo e podem até gerar bolhas especulativas, caso não sejam acompanhadas pela recuperação do investimento, do consumo e um aumento do crescimento internacional".

Ela pregou também que "países com elevadas dívidas, como é o caso de muitos países da Europa, devem fazer sim o ajuste fiscal para ganhar credibilidade". E emendou: "no entanto, os que gozam de prestígio junto ao mercado, os que são estáveis e superavitários têm condições de lançar mão de instrumentos fiscais e expansivos, e assim o reequilíbrio seria alcançado". Para a presidente, "sem dúvida, reformas estruturais são importantes, mas só darão os resultados na magnitude e no tempo necessários se combinadas com a volta do crescimento". / T.M.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Brics:bancos oficiais fazem acordo para emprestar em moeda local

Fonte: O Estadão


Os bancos de desenvolvimento de Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul, que compõem o bloco dos Brics, assinaram nesta quinta-feira um acordo que estabalece regras gerais para a concessão de linhas de crédito em moeda local.


O objetivo do acordo, firmado durante reunião dos Brics em Nova Dhéli, é promover a intensificação das relações econômicas entre os países emergentes, segundo nota à imprensa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).


"Uma vez que estejam firmados acordos bilaterais entre cada um dos bancos, poderão ser realizados empréstimos nas moedas locais. As instituições deverão examinar as condições em que tais empréstimos serão viáveis, em função da legislação e das normas de seus respectivos países", informou o BNDES.


Foi assinado ainda documento que define regras para a confirmação de cartas de crédito em operação de exportação entre os cincos países.


Ambos os acordos têm vigência de cinco anos.

Brics assinam acordo de investimento e comércio em moedas locais

Fonte: O Estadão


Os presidentes de bancos de desenvolvimento dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) assinaram nesta quinta-feira, em Nova Déli, na Índia, acordos que vão permitir o financiamento de comércio e investimento em moeda local, um assunto que vem sendo discutido desde a primeira reunião do grupo.


O objetivo da medida é aumentar a cooperação entre os bancos de desenvolvimento dos Brics e elevar o comércio entre os países do bloco, já que facilita a obtenção de financiamento com instituições de fomento do país onde o investimento será realizado, e também evita a vinculação do negócio ao dólar, e portanto, a exposição à flutuação cambial.

Dilma vai lançar pacote para aumentar investimentos da indústria

Fonte: Rádio França Internacional


Em entrevista à imprensa, em Nova Délhi, a presidente Dilma Rousseff disse que nesse momento de retração da demanda na zona do euro e nos Estados Unidos, países com superávit como Alemanha, China e Brasil têm de estimular o consumo interno e ao mesmo tempo equilibrar suas exportações, "pois isso gera oportunidades para todas as outras economias". O governo brasileiro vai anunciar um pacote para a indústria ampliar sua capacidade de exportação.
 
 
Dilma afirmou que quando voltar ao Brasil vai anunciar um pacote de medidas para aumentar a capacidade de investimentos do setor privado. Ela reconheceu que as indústrias brasileiras precisam exportar mais e buscar a internacionalização.

Dilma e Medvedev discutem embargo russo à carne brasileira

Esta tarde, em Nova Délhi, Dilma teve uma reunião bilateral com o líder russo, Dmitri Medvedev. Eles conversaram sobre o embargo da carne brasileira para o mercado russo, em vigor desde junho do ano passado. Segundo a presidente, Medvedev se dispôs a fazer as avaliações técnicas necessárias. O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, visita a Rússia amanhã para tratar do embargo, que prejudica frigoríficos do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso.

Na declaração final da 4ª cúpula do BRICS, encerrada hoje em Nova Délhi, o grupo critica o ritmo lento das reformas nas instituições de governança mundial, como FMI, Banco Mundial e o Conselho de Segurança da ONU, que não refletem o poder econômico dos emergentes na atualidade. Sobre conflitos internacionais como a crise política na Síria e no Irã, o grupo foi categórico: as soluções devem ser diplomáticas, sem intervenção militar externa ou uso da força.

"O Brasil não concorda com esses processos agressivos, retóricos", disse Dilma. "Acho extremamente perigoso as medidas de bloqueio de compras do Irã" – Estados Unidos e União Europeia impuseram embargo às importações de petróleo iranianas, alegando que Teerã usa o programa civil como fachada para fabricar a bomba atômica.

"O Brasil não tem relações comerciais com o Irã, mas compreende que outros países têm e precisam dessas compras », afirmou Dilma. Ela defendeu o direito de o Irã ter um programa de energia nuclear para fins pacíficos, como faz o Brasil, e recomendou que "ao invés de uma retórica agressiva, deve-se usar o direito internacional e deixar a Agência Internacional de Energia Atômica tratar do problema".

Agenda econômica do BRICS

Os desequilíbrios provocados pela crise financeira internacional e suas consequências para o crescimento e o comércio global dominaram os debates da cúpula do BRICS. Os líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul tomaram algumas decisões para ampliar as trocas comerciais no interior do bloco.

Eles assinaram um acordo multilateral entre seus bancos de desenvolvimento para facilitar a concessão de crédito às exportações. O grupo também nomeou uma comissão técnica para viabilizar o projeto do Banco de Desenvolvimento do BRICS, destinado a oferecer crédito aos países em desenvolvimento sem as restrições impostas pelo FMI e o Banco Mundial.

Brics devem investir no mercado local, afirma Dilma

Fonte: Valor Econômico
Brics devem investir no mercado local, afirma Dilma

Os Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, terão o crescimento ditado cada vez mais pelos seus mercados internos, e terão de dar ênfase aos programas de distribuição de renda e inclusão social, para garantir a formação de poupança, acredita a presidente Dilma Rousseff, que pretende transmitir essa mensagem hoje, no encontro dos chefes de governo dos cinco países.

A mais forte declaração política, até agora, do encontro realizado na Índia, saiu ontem, da reunião dos ministros de Comércio do grupo. Os ministros da China, Chen Demin, e da Índia, Anand Sharma, criticaram iniciativas unilaterais contra o Irã e defenderam o direito de continuar comprando petróleo do Irã, alvo de sanções aprovadas nas Nações Unidas e ampliadas unilateralmente por Estados Unidos e União Europeia.

"A China quer relações comerciais normais com todos os países, inclusive o Irã", declarou Demin, para quem os chineses não querem ser obrigados a seguir "alguma lei doméstica de algum país particular" - referência direta aos EUA, que decretaram sanções comerciais a quem negociar petróleo iraniano ou fazer transações com o sistema bancário do país.

África do Sul quer definição rápida para banco do grupo

Fonte: Valor Econômico

As definições para criar um banco de desenvolvimento dos Brics devem estar prontas até o ano que vem, quando o grupo de países voltará a se reunir, na África do Sul, previu o presidente sul-africano, Jacob Zuma, em encontro com a presidente Dilma Rousseff, ontem, na capital indiana. Hoje, os chefes de governo dos Brics abrem oficialmente a quarta reunião do grupo, na Índia, autora da proposta do novo banco.

A declaração final do encontro vai apenas anunciar a formação de um "grupo de trabalho" para criar o novo banco. Embora o Brasil defenda pouca pressa para formar a nova instituição, pelo menos três países querem vê-lo funcionando em breve. Zuma, ao ouvir de Dilma elogios à associação da empresa sul-africana ACSA ao consórcio que terá a concessão do aeroporto de Guarulhos, disse que a África do Sul vê no futuro banco uma chance de obter créditos para obras em estradas, hidrelétricas e portos, que poderão ter participação brasileira.

Para Zuma, o banco interessa também a outros países africanos, que poderão ter recursos dos países dos Brics. Embora até os indianos, autores da proposta, admitam que o projeto da nova instituição não é para o curto prazo, a África do Sul, além de prever a criação do banco para o próximo ano, reivindica que a sede seja em território sul-africano.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Brics querem reformas no FMI e no Banco Mundial


Fonte: O Estado de S. Paulo
Autora: Tânia Monteiro
Além da crise econômica global, as propostas para as organizações multilaterais serão tema central do comunicado conjunto dos países emergentes


A crise financeira mundial e a necessidade de implantar reformas de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial serão o tema central do comunicado conjunto que deve ser assinado por Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul ao final da quarta reunião dos Brics, que se realiza esta semana na capital indiana.

Segundo a subsecretária-geral de Política do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, o documento terá também uma parte política, mas deverá se concentrar nas questões econômicas. A crise entre a China e o Tibete, que levou anteontem um tibetano a atear fogo ao corpo em protesto contra a repressão praticada pelo presidente chinês Hu Jintao, não deverá se tratada no documento. "Não creio que entrará, porque estamos mais preocupados com crises que eclodiram e estão em um momento de grandes episódios de violência", afirmou.

A criação de um banco de desenvolvimento comum aos cinco emergentes também estará em pauta. "Deve ser anunciada não ainda a criação do banco, mas de um grupo de trabalho para estudar as modalidades de constituição do banco", disse a embaixadora, lembrando que a instituição é importante porque cria uma "fonte alternativa de financiamento, sobretudo para países em desenvolvimento".

terça-feira, 27 de março de 2012

IV Cúpula do BRICS - Nova Delhi, 28 e 29 de março de 2012

Fonte: Itamaraty

Nota nº 76

A Presidenta Dilma Rousseff participará da IV Cúpula do BRICS que debaterá, dentre outros temas, o aperfeiçoamento dos mecanismos de governança global.

A Presidenta Dilma Rousseff participará, em Nova Delhi, da IV Cúpula do BRICS, dias 28 e 29 de março, juntamente com o Primeiro-Ministro da Índia, Manmohan Singh; o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma; o Presidente da China, Hu Jintao, e o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev.

A Cúpula, intitulada “Parceria do BRICS para Estabilidade Global, Segurança e Prosperidade”, debaterá o crescimento econômico, a paz e a segurança internacionais, o desenvolvimento sustentável, os desafios à urbanização e à biodiversidade, bem como o aperfeiçoamento dos mecanismos de governança global, com o objetivo de adequá-los à nova realidade política e econômica e de ampliar a representatividade e a legitimidade das atuais instituições.

O encontro favorecerá o debate sobre mecanismo de financiamento a projetos de infra-estrutura, não apenas em países do grupo, mas também em outros países emergentes e em desenvolvimento, com a possibilidade de designação de mecanismo para estudar a criação de um Banco Sul-Sul, liderado pelo BRICS.

No dia 28 de março, os Ministros do Comércio e de Relações Exteriores examinarão o estado global da economia e as oportunidades de comércio e investimento intra-BRICS, além das negociações da Rodada Doha da OMC. Em seguimento ao acordo firmado em 2011, deverá ser assinado novo acordo-quadro entre os bancos de desenvolvimento do BRICS para facilitar a implementação das trocas comerciais em moedas locais. Será lançado o “Relatório BRICS: um Estudo do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul com foco nas Sinergias e Complementariedades”.

O comércio intra-BRICS alcançou US$ 212 bilhões, em 2010, e a estimativa é de que tenha superado US$ 250 bilhões em 2011. A título de comparação, em 2002, o volume de comércio entre os membros do agrupamento montava apenas a cerca de US$ 27 bilhões. Há estimativas de que possa chegar a mais de US$ 500 bilhões até 2015. Já o comércio Brasil-BRICS passou de US$ 10 bilhões em 2003 para US$ 96 bilhões em 2011.

Em 2012, o FMI estima que o BRICS contribuirá com 56% do crescimento do PIB mundial. O BRICS ocupa cerca de 26% da área terrestre do planeta, abriga 41% da população mundial e detém 46% de força de trabalho global.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Índia vai sugerir criação do banco do Brics durante cúpula de chefes de Estado e de Governo

Fonte: Agência Brasil
Autora: Renata Giraldi

O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, prepara-se para apresentar durante a 4ª Cúpula do Brics – bloco formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul – a proposta de criação de um banco de desenvolvimento do grupo. A nova instituição bancária deve ser uma espécie de alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). A expectativa é que, ao final da cúpula, os presidentes assinem uma declaração sinalizando a disposição de criar a instituição, mas sem fixar os detalhes.

Os negociadores brasileiros dizem que vários pontos da proposta precisam ser definidos e o processo será a longo prazo. Para os brasileiros, é necessário estabelecer uma série de aspectos, como os termos de referência, a estrutura do organismo, como será integralizado o capital e as práticas de comércio bilateral e multilateral.

Os indianos argumentam que a proposta é criar um mecanismo que permita o financiamento de projetos exclusivamente nos países em desenvolvimento. A ideia é que a presidência da instituição seja rotativa entre os cinco integrantes do Brics. Paralelamente, os líderes presentes aos debates deverão reiterar a defesa da ampliação do FMI.

Para o Brasil e os demais integrantes do Brics, a estrutura do FMI deve ser revista, pois atualmente são 24 representantes – dos quais oito têm assentos permanentes e 16 são eleitos a cada dois anos. Os que têm assentos fixos são os Estados Unidos, o Japão, a Alemanha, França, o Reino Unido, a China, Rússia e Arábia Saudita.

A primeira cúpula do Brics foi em 2009, na Rússia, sem a participação da África do Sul, que passou a integrar o bloco em 2011. Juntos, os cinco países que pertencem ao Brics reúnem um quarto da economia mundial, segundo dados recentes.

Nas reuniões em Nova Delhi, na Índia, além da presidenta Dilma Rousseff, participarão os presidentes Dmitri Medvedev (Rússia), Hu Jintao (China) e Jacob Zuma (África do Sul).

Edição: Graça Adjuto

Dilma vai à Índia participar da 4ª reunião do Brics

Fonte: Agência Brasil
Autora: Renata Giraldi

Nos próximos dias, a presidenta Dilma Rousseff viaja para Nova Delhi, na Índia. Ela participa, no dia 29, da quarta reunião do bloco que reúne o Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul – Brics. As discussões serão dominadas pelos debates econômicos e financeiros, além de políticas de segurança e paz, assim como o esforço conjunto para o desenvolvimento sustentável, um dos pilares para a redução da pobreza.

Além de Dilma, participarão dos debates os presidentes Dmitri Medvedev (Rússia), Hu Jintao (China) e Jacob Zuma (África do Sul), e o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh. As conversas ocorrem em um momento de incertezas devido à crise econômica internacional que ainda causa impactos na Europa e nos Estados Unidos.

Nas reuniões, os líderes políticos querem consolidar a decisão de transformar o Brics em referência no cenário econômico e político internacional. A ideia é ampliar as relações comerciais internas e externas, incentivando a expansão dos mercados exportadores e importadores. Uma comitiva de cerca de 60 empresários acompanha a presidenta e os ministros.

As autoridades brasileiras, com o apoio dos empresários, querem mostrar que o mercado exportador do Brasil não se resume aos produtos agrícolas. Na comitiva presidencial, há empresários de diversos setores, incluindo o de tecnologia de ponta, que participarão do Fórum Empresarial, com a presença de representantes de todos os países que integram o bloco.

Ao final dos debates, os líderes políticos assinarão documentos estabelecendo que todos os integrantes do Brics pretendem ampliar os acordos bilaterais, por intermédio de suas instituições bancárias de desenvolvimento econômico, utilizando moedas locais. No caso do Brasil, o acordo será firmado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Paralelamente, os líderes pretendem aprovar uma declaração em defesa da paz e da segurança no Oriente Médio e Norte da África. Os destaques do texto devem ser a crise na Síria, em decorrência do agravamento da situação de violência, e o acirramento das tensões no Afeganistão, depois do massacre de 16 civis por um militar norte-americano.

A presidenta se prepara para viajar no próximo dia 26. No dia 28, ela terá um jantar com Medvedev, Hu Jintao e Zuma, oferecido pelo governo da Índia. No dia 29, a manhã e a tarde serão dedicadas às reuniões do Brics. Ela terá ainda encontros com todos os presidentes da República e o primeiro-ministro da Índia. A previsão é que Dilma faça dois discursos ao longo do dia e uma declaração à imprensa ao final. No dia 31, ela deverá estar de volta ao Brasil.

*Colaborou Yara Aquino//Edição: Graça Adjuto

quinta-feira, 8 de março de 2012

China vai oferecer empréstimos em yuans aos Brics

Fonte: Valor Econômico
Autores:   Henny Sender e Joe Leahy | Financial Times

A China pretende oferecer empréstimos em yuans a outros importantes países do Brics, em mais um passo rumo à internacionalização de sua moeda.

O Banco de Desenvolvimento da China (BDC) vai assinar um memorando de entendimento em Nova Déli, numa reunião com suas contrapartes brasileira, russa, indiana e sul-africana, em 29 de março, segundo pessoas familiarizadas com as discussões.

Nos termos do acordo com o BDC, que concede empréstimos principalmente em dólares a outros países, os chineses colocaram à disposição empréstimos em yuans, ao passo que as agências de desenvolvimento de outros países dos Brics oferecerão empréstimos em suas respectivas moedas.
A iniciativa visa impulsionar o comércio entre os cinco países e, ao mesmo tempo, promover o uso do yuan, em vez do dólar americano, no comércio e em empréstimos internacionais.

Menos de 13% do comércio chinês na Ásia é feito em yuans, segundo Helen Qiao, economista-chefe do Morgan Stanley para Ásia. O HSBC estima que a participação da moeda no comércio regional pode chegar a 50% até 2015.

O BNDES - banco de desenvolvimento brasileiro, que tem uma carteira de crédito em torno de quatro vezes o tamanho da do Banco Mundial - e o Ministério das Finanças da África do Sul disseram esperar que um acordo básico seja assinado em Nova Déli incluindo a promessa de empréstimos, sendo os detalhes finalizados durante o encontro de cúpula.