Os Estados Unidos parecem mais impacientes com a demora dos europeus em resolver a crise da dívida soberana na zona do euro. É o que se deduz de relatos informais da reunião dos principais bancos centrais do mundo, concluída na última segunda-feira em Basileia (Suíça).
O Valor apurou que, no encontro, representantes do Federal Reserve atribuíram parte das dúvidas sobre a sustentabilidade da recuperação econômica americana ao risco de contágio vindo do bloco europeu.
A Holanda respondeu que a Europa está dando as respostas certas à crise, e o problema é que os mercados "não reconhecem" isso.
Mas os americanos, apoiados pela Austrália, insistiram que os mercados não vão confiar nas promessas europeias até que a zona do euro tenha uma solução duradoura para a crise e um verdadeiro programa para o crescimento econômico.
A preocupação com o contágio europeu foi martelada esta semana nos Estados Unidos também pelo presidente do Federal Reserve de Atlanta, Dennis P. Lockhart, que qualificou a Europa como o "fator imprevisível" em 2012.
Para Lockhart, o impacto mais sério para os Estados Unidos pode vir da exposição direta de instituições financeiras americanas a bancos europeus e fundos de dívida soberana.
A exposição de bancos americanos junto a bancos da França e da Alemanha passa de US$ 150 bilhões, indicando o potencial para contágio, de acordo com o Instituto Internacional de Finanças (IIF).
Já a exposição de "money market fund" americanos - que compram títulos de dívida de curto prazo - a bancos europeus declinou para US$ 183 bilhões em novembro, 50% a menos do que em junho.
Por sua vez, a queda de depósitos em bancos controlados por estrangeiros nos EUA alcançou US$ 291 bilhões, ou 25% desde maio. Isso em parte por causa da "corrida para a segurança" aos custos de bancos europeus.
Companhias americanas que faziam negócios com bancos estrangeiros agora são mais prudentes e procuram "algo mais seguro", na expressão de um analista do mercado.
Também os bancos não europeus estão ganhando fatias maiores no mercado de empréstimos sindicalizados: a parte de bancos europeus declinou de 35% para 10% entre julho e novembro de 2011.
Segundo o IIF, na zona do euro já houve uma aceleração na saída de depósitos de países altamente endividados para os países mais seguros, nos últimos meses. Isso fez bancos de Portugal, Grécia e Irlanda dependerem ainda mais da liquidez fornecida pelo Banco Central Europeu (BCE).
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