Após três meses de ameaças e provocações, o governo mudou o discurso e vai amolecer as regras para as importadoras de veículos. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, admitiu ontem que o governo vai publicar um novo decreto, até 15 de dezembro, flexibilizando a cobrança adicional de 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na importação de veículos.
De acordo com a sinalização do ministro, a intenção é reduzir a exigência de 65% de conteúdo nacional para as montadoras que apresentarem projetos de instalação de fábricas no Brasil. Para esses produtos, o percentual mínimo de componentes confeccionados no Brasil seria aumentado gradualmente. "Vai mudar a forma de aferição. Tudo vai depender de cada Processo Produtivo Básico (PPB). A ideia é que o decreto venha antes de 15 de dezembro, quando entra em vigor o IPI majorado. Trata-se de uma nova etapa do regime para o setor automotivo", explicou. A flexibilização ficará em vigor no período de transição, até que as estrangeiras comprovem o interesse de abrir uma fábrica no país e comecem a produzir. "Na prática, o aumento do IPI vai ficar restrito a carros 100% manufaturados em outros países", justificou.
Desde agosto, quando o governo anunciou o aumento da alíquota, a importação de veículos vem caindo drasticamente, uma vez que a procura por automóveis também diminuiu. "A demanda dos nacionais caiu drasticamente. Se o governo não incentivar o crédito, o primeiro trimestre de 2012 será triste, principalmente para o setor de autopeças", alertou Ingo Plöger, presidente do Instituto de Desenvolvimento Empresarial (IP) e da Companhia Melhoramentos. Ele entende que o governo precisa deixar claras todas as condições. "É preciso exigir das montadoras estrangeiras que apresentem cronogramas de compras de partes e peças fabricadas no Brasil", enfatizou.
O presidente da fabricante de autopeças Bosh, Besaliel Botelho, confirmou que o setor, responsável por 80% do fornecimento para os veículos nacionais, sofre com a perda de competitividade, por conta dos pesados encargos trabalhistas, falta de estrutura e excesso de burocracia. "As empresas que produzem carros aqui vão investir, de 2010 a 2012, US$ 23 bilhões. A indústria de autopeças, que deveria aportar 70% desse total, não vai ultrapassar US$ 2 bilhões", reclamou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário