terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Unctad vê risco de contração global e alerta emergentes

Fonte: Valor Econômico
Autor:  Assis Moreira

A Agência da ONU para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) recomendou ontem que os países emergentes e em desenvolvimento preparem planos contra o "contágio contracionista" de politicas econômicas que vem sendo adotadas pelos países ricos.

Para a Unctad, os pacotes de austeridade fiscal dos países ricos estão criando uma "acumulação perigosa" de riscos para a economia mundial. A entidade condenou essa política, insistindo que o alvo deveria ser crescimento e não o combate a déficit público.

Este ano, a maioria dos países desenvolvidos suspendeu ou reverteu as politicas econômicas expansionistas que ajudaram a evitar uma crise global ainda maior depois da choque de 2008.

Agora, por causa da forte queda da demanda, vários países ricos estão à beira de uma nova recessão. E a Unctad se mostra surpresa com a insistência dos governos de concentrar os seus esforços no corte de déficit fiscal e em reduzir a divida pública interna, quando o desemprego bate recorde, os investimentos declinam, o setor financeiro está fragilizado e as famílias têm crescente dificuldades financeiras.



"A austeridade fiscal no cenário atual tornará a situação pior, não melhor. O contágio contracionista afetará todos os países, e os emergentes e em desenvolvimento precisam preparar planos de contingencia", afirma a Unctad.

A entidade destaca que o setor privado só pode fazer uma bem sucedida desalavancagem (reduzir a sua dívida) se outros forem capazes de se endividar mais e de estimular a demanda. Se os setores público e privado tentam se desalavancar simultaneamente, do jeito que estão fazendo hoje, a economia vai direto para a recessão, num circulo vicioso que alimenta a atual crise de confiança.

Para a Unctad, os déficits fiscais de hoje são consequência da crise, e não sua causa. Nos países desenvolvidos, entre 1997-2008, o balanço fiscal primário variou de -1,5% a 3,2% do PIB. Na média, o saldo primário foi de 0,8%. Foi só após o início da crise que os déficits chegaram aos recordes atuais.

Considerando que o crescimento do PIB normalmente tem sido muito menor do que antecipado, a Unctad julga não ser surpresa que o balanço fiscal também tenha piorado. Ao mesmo tempo, os gastos públicos sobem por causa da necessidade de pagar benefícios e outras transferências sociais quando a economia desacelera.

A entidade insiste que o impacto adverso das receitas econômicas adotadas atualmente podem ser antecipados. Para isso, basta lembrar as experiências desastrosas de dezenas de países em desenvolvimento nos anos 80.

Para evitar nova recessão e uma década perdida, a agência da ONU propõe uma politica alternativa.

Os países ameaçados por recessão e deflação deveriam evitar intensificar as medidas de austeridade, já que elas podem produzir efeitos opostos ao desejado e até mesmo empurrar o país para a depressão.

Já países com superavit fiscal deveriam elevar a demanda doméstica e os salários. Senão, o resultado final será uma nova rodada de contração econômica global.

Também deveriam-se adotar politicas fiscais como instrumentos para crescimento e desenvolvimento, implementar politicas com impacto no emprego, e deixar para construir forte posição fiscal nos tempos de prosperidade

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