O governo de Cuba abrirá uma nova parcela do varejo para a iniciativa privada a partir do ano que vem, permitindo à população atuar em diversos tipos de serviços hoje proibidos. Entre os negócios liberados estão lojas de conserto de relógios e eletrodomésticos, chaveiros e marcenarias.
É a mais recente medida do presidente Raúl Castro para reduzir o papel do Estado e encorajar a iniciativa privada, na tentativa de revigorar a agonizante economia cubana. A resolução, publicada no "Diário Oficial" do país, entra em vigor em 1º de janeiro.
Os negócios em Cuba foram todos estatizados após a Revolução de 1959, que catapultou Fidel Castro - irmão de Raúl - ao poder. O cenário só começou a mudar em 2008, quando Fidel, com a saúde já debilitada, passou o poder ao irmão.
As críticas da população ao mau estado dos serviços, incluindo o pequeno varejo, cresceram. Os cubanos afirmam que a deterioração decorre da falta de suprimentos e recursos do governo.
No início deste ano, Havana abriu pela primeira vez cerca de 1.500 barbearias e salões de beleza a seus empregados. Ex-funcionários públicos agora têm a possibilidade de pagar uma taxa mensal por seu negócio, se responsabilizam pelas compras de mercadorias e fixam preços de mercado.
Desde então, algumas centenas de cubanos entraram com pedido de licença para "trabalhar para eles mesmos", eufemismo usado pelo governo para descrever o pequeno varejo. Havana planeja ter até 40% da força de trabalho local no setor "não estatal" até 2016. No fim de 2010, eram apenas 15%.
Em seu discurso durante o encerramento das atividades da Assembleia Nacional, na semana passada, o ministro da Economia do país, Adel Yzquierdo Rodriguez, afirmou que os empregos públicos seriam reduzidos em 170 mil no ano que vem - com a provável criação de 240 mil novos empregos no setor privado.
Encurralado por uma produção estagnada e dívida externa galopante, Raúl Castro deixou claro que, para sobreviver, a economia precisa superar o sistema socialista instalado com a revolução. Além dessa transferência de trabalhadores do setor público para o privado, outras mais de 300 reformas já foram aprovadas pelo Partido Comunista neste ano para "atualizar" a economia cubana.
A ideia é impor as forças de mercados ao varejo e à agricultura, cortar subsídios e levantar restrições à atividade individual.
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