Ministros de finanças do G-20 poderão decidir, enfim, em fevereiro, no México, um pacote adicional de recursos para o Fundo Monetário Internacional (FMI), para servir de proteção contra o contágio da crise da zona do euro. O G-20 reúne países que fazem mais de 85% da produção mundial e se torna uma espécie de diretório economico do planeta.
O secretário de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda, embaixador Carlos Márcio Cozendey, principal negociador brasileiro para o G-20 financeiro, considera "bem encaminhada" a discussão para elevar a capacidade de empréstimo do FMI e acredita que até fevereiro ficará mais clara qual será a decisão final.
"Movimentos europeus têm sido bastante importantes", avalia Cozendey, em referência, por exemplo, à decisão europeia de participar do pacote com empréstimos de €150 bilhões (US$ 195 bilhões) para o FMI.
O Brasil tem demonstrado disposição de participar do pacote, desde que haja ampla contribuição dos países e que os europeus continuem a fazer sua parte para estabilizar a economia.
Cozendey se recusa a falar em cifras, mas diferentes fontes admitem que a participação brasileira poderia variar de US$ 10 bilhões a US$ 14 bilhões, pelo acordo "temporário" para ajudar o fundo a socorrer países em geral para se protegerem contra a crise, e não apenas os europeus.
Apesar do anúncio europeu de participar com €150 bilhões, ainda há incertezas na Europa sobre o pacote para o FMI. A Grã-Bretanha, que representa 14% da produção europeia, se recusou a participar junto com os europeus e deixou sua decisão também para fevereiro. Os EUA e o Canadá também não parecem muito receptivos à ideia. E o Japão insiste que as autoridades europeias precisam fazer mais para resolver a crise na zona do euro.
Em novembro, na cúpula do G-20 em Cannes (França), os líderes fracassaram num acordo sobre empréstimos totalizando US$ 300 bilhões para o fundo, por meio de novas contribuições, que elevariam a US$ 700 bilhões a capacidade de empréstimo da entidade.
A capacidade de resposta total à crise pode chegar a US$ 1 trilhão, se houver acordo também para o FMI fazer nova alocação de Direitos Especiais de Saque (DES), sua moeda virtual, de US$ 250 bilhões, para reforçar a liquidez global.
Em Cannes, os EUA se mostraram relutantes nos dois casos. Emprestar bilateralmente é complicado, porque precisa autorização do Congresso, o que está longe de ser tarefa fácil para a administração de Barack Obama. Quanto aos DES, os americanos insistiram que dependia também dos europeus. A Alemanha não parecia favorável ao compromisso.
Na presidência do G-20 por um ano, o México quer dar prioridade a cinco temas. O primeiro é estabilidade econômica e reformas estruturais, para definir saídas para países com altos níveis de endividamento. Segundo, fortalecer o sistema financeiro; terceiro, tornar mais fortes as instituições financeiras internacionais, incluindo mais recursos para o FMI; quarto, discutir meios de reforçar a segurança alimentar e reduzir volatilidade dos preços de matérias-primas. E quinto, insistir na agenda de mudança climática e sustentabilidade.
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