terça-feira, 13 de março de 2012

Governo anuncia nova restrição ao crédito externo e dólar passa de R$ 1,80

Fonte: O Estado de S. Paulo
Autor: Eduardo Cucolo

Em mais uma tentativa de conter a entrada de dólares no Brasil e a valorização do real, o governo anunciou ontem a terceira restrição a operações cambiais em menos de duas semanas. Reforçou, ainda, que outras medidas para coibir a especulação com a moeda brasileira devem ser anunciadas a qualquer momento.

Empréstimos no exterior com prazo de até cinco anos serão taxados com Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6%, segundo a medida anunciada pelo Ministério da Fazenda. Até fevereiro, essa alíquota atingia apenas captações de dois anos. No dia 1.º de março, o governo estendeu o prazo para três anos. Ontem, fez a nova alteração.

A restrição maior ao crédito externo contribuiu para que o dólar fechasse a R$ 1,805, alta de 1,18%. No mês, a moeda já subiu 5,19%. No ano, ainda acumula queda de 3,42%. A alta recente nas cotações foi vista dentro do governo como sinal de que as medidas estão no caminho certo.

Segundo fontes da equipe econômica, a estratégia de defesa do real está se ampliando e o governo procura montar um plano mais forte para enfrentar a escalada da "guerra cambial". Por isso, decidiu que era preciso "pesar a mão" na restrição a empréstimos externos e deixar o mercado em alerta sobre a possibilidade de mais mudanças, aumentando a imprevisibilidade.

A Fazenda afirmou, em nota, que a medida reforça a decisão de reduzir o fluxo de capital especulativo que entra no País, para lucrar com a diferença entre os juros nos países avançados e no Brasil. O governo também quis restringir a entrada de dólares para aplicações de curto prazo.

As restrições a empréstimos externos começaram em 2011, por causa do aumento no número de empresas e bancos que buscam se endividar fora do País, onde os juros são mais baixos. Em março do ano passado, o governo taxou com 6% de IOF empréstimos de até um ano. Uma semana depois, estendeu a cobrança para captações de até dois anos.

Agora, com os países desenvolvidos injetando mais dólares na economia e reduzindo juros, a entrada de recursos voltou a crescer, o que pode gerar um "tsunami monetário", como disse a presidente Dilma Rousseff.

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia dito que anunciaria medidas econômicas a "todo momento", "todas as semanas", para calibrar e estimular a economia. Uma das principais preocupações é com a perda de competitividade da indústria, acentuada pela valorização do dólar.

Há duas semanas, o BC também restringiu financiamentos em dólar à exportação, por entender que algumas operações tinham caráter especulativo. O governo também pode acabar com o prazo para o Tesouro antecipar a compra de dólares para pagar a dívida externa ou usar o Fundo Soberano do Brasil (FSB) para comprar moeda estrangeira.

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