sexta-feira, 9 de março de 2012

'Guerra cambial' está de volta e BCs aumentam intervenções

Fonte: Valor Econômico
Autor:  Assis Moreira

"A guerra cambial está de volta", diz o Royal Bank of Canada (RBC), em meio a movimentos dos bancos centrais em países emergentes tentando frear a excessiva valorização de suas moedas para se contrapor ao excesso de liquidez deflagrada pelo G-4 (Estados Unidos, zona do euro, Grã-Bretanha e Japão).

O Banco Central do Brasil foi, nesta semana, praticamente o único entre os grandes a diminuir as taxas de juros. Os BCs da Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Indonésia mantiveram suas taxas inalteradas.

Já as intervenções no câmbio se propagam.  Na América Latina, o RBS nota que o Brasil, Peru e Colômbia vêm comprando dólares regularmente para frear a pressão sobre suas moedas. Mas o Chile também pode começar logo a adquirir dólares no mercado.

Na Ásia, bancos centrais na China, Coreia do Sul, Malásia e Cingapura voltaram a fazer intervenções, com maciças aquisições de moeda americana.

O BC da Austrália também avalia o impacto da moeda sobre o mercado de trabalho e monitora para que o fluxo de capital não provoque valorização excessiva.

"Valorização excessiva de moedas se tornou um tremendo vexame político para alguns bancos centrais nos últimos anos", avalia a consultoria FxPro, de Londres. No Japão, as intervenções têm sido colossais. A Suíça emprega termos militares para avisar que se protegerá com aquisições ilimitadas de moeda estrangeira a fim de evitar mais apreciação do franco suíço.

A expectativa entre bancos internacionais é de reintrodução de controles de capital ou barreiras comerciais, diante da rapidez no aumento do fluxo de capitais e de importações em vários países.
Para o RBS, os investidores vão usar os recursos baratos nos países desenvolvidos, onde as taxas de juros são baixas ou mesmo negativas, para investir nos emergentes com juros mais altos e onde as perspectivas de crescimento também persistem.

Esse excesso de liquidez está impulsionando todos os mercados, criando dilemas para as autoridades dos países emergentes, com suas moedas fortes ameaçando a competitividade no comércio e aquecendo demais suas economias.

O RBS alerta, porém, que a persistência das forças da desalavancagem (com a redução do endividamento) persistem como um risco central, podendo afetar de novo os mercados globais quando desaparecer o ímpeto positivo dado pela expansão deflagrada pelo G-4.

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