quarta-feira, 7 de março de 2012

Grécia, China e Brasil derrubam bolsas

Fonte: O Estado de S. Paulo
Autor: Jamil Chade

Grécia, Brasil e China derrubaram as bolsas pelo mundo, reforçando a percepção de que a crise da dívida na Europa não está resolvida e obrigando os mercados a reverem suas perspectivas de recuperação da economia mundial para 2012.

Um documento do Instituto de Finanças Internacionais (IIF) mostrou que um calote desordenado da Grécia poderia causar prejuízo superior a € 1 trilhão à zona do euro e forçar a Itália e a Espanha a procurarem ajuda financeira externa.

"O contágio vai se acelerar particularmente em Portugal e depois rapidamente na Irlanda, Itália e Espanha", destaca o documento. Nem Alemanha e os países nórdicos ficariam imunes, já que a crise afetaria o poder de compra de toda a região e as exportações. O próprio Banco Central Europeu (BCE) também sofreria. "O choque financeiro sobre o BCE ameaça sacudir os fundamentos da União Monetária."

Uma consequência seria a saída dos gregos da zona do euro. "Parece difícil imaginar que a Grécia continuará sendo um membro funcional da zona do euro em caso de falência desordenada", indica o IIF.

Ontem, Atenas ameaçou dar um calote nos bancos que não aderirem ao plano de resgate de 206 bilhões, reabrindo a suspeita de que o governo não conseguirá fechar um acordo antes do fim do prazo, que vence amanhã, quando representantes do governo, da União Europeia e dos credores se reúnem.

Há poucas semanas, as instituições prometeram que adeririam ao plano de reestruturação da dívida grega, com um desconto de 100 bilhões. Mas agora se mostram hesitantes. Os bancos trocariam as dívidas que vencem nos próximos meses por papéis do Tesouro de longo prazo. Na prática, perderiam 75% do valor de seus títulos.

Um grupo formado pela Allianz, BNP Paribas, Commerzbank e Deutsche Bank já garantiram sua participação. Na Grécia, os seis principais bancos do país reuniram-se com o ministro de Finanças, Evangelos Venizelos, e decidiram participar da operação de troca da dívida grega, segundo um comunicado divulgado pelo governo. Mas um número bem maior teria de aderir ao projeto para evitar o calote da Grécia. Por enquanto, os bancos que deram sinal verde detêm apenas 20% da dívida grega.

Atenas enviou um de seus negociadores para convencer bancos europeus a aderirem ao projeto e adotou leis no Parlamento para provar que, desta vez, fará as reformas exigidas. Sem resultados, os gregos passaram a ameaçar, na aposta de que uma falência total representaria perdas bem mais profundas para todos. Atenas também alertou que não haveria dinheiro para resgatar os bancos que sofrerem com o calote grego. Parte da mensagem era para os próprios fundos de pensão em Atenas que, até agora, não decidiram se aceitam o calote parcial.

Crescimento. Mas as dúvidas não se limitam à Europa. Ontem, analistas e investidores viram com preocupação a declaração da China de que seu crescimento perderia fôlego. Para completar, a taxa de expansão do PIB do Brasil foi considerada abaixo do que se esperava, indicando que os emergentes não conseguirão se blindar da crise europeia.

"Ainda que o que está ocorrendo na Europa seja o que mais tem influenciado os mercados, uma previsão mais cautelosa da economia global também está tendo impacto", disse a Wells Fargo, em nota. A esperança dos mercados era de que os emergentes resistissem à nova onda de crise, desta vez, com origem na Europa. Mas as indicações são de que ninguém está imune.

"A economia chinesa foi considerada como um pilar que sustentaria o crescimento global", diz uma nota da GMP Securities. Outro pilar, segundo a nota, seria o Brasil. "Com os dados brasileiros mostrando uma desaceleração do crescimento, podemos entender porque o mercado começou a recalibrar suas previsões de crescimento global."

Mercados. Nos Estados Unidos, os principais índices da Bolsa de Nova York registraram quedas consideráveis, o S&P 500 teve o pior dia desde dezembro, recuando 1,54%; o Dow Jones, recuou 1,57%; e o Nasdaq, 1,36%.

Já o MSCI, de ações asiáticas, sofreu retração de 2,2%, a maior em um dia desde novembro.
O índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 2,6%. Os bancos foram os que mais sofreram, com queda em média de 2,7%. Só o Morgan Stanley perdeu 5,5%.

Na Europa, as bolsas fecharam com perdas de mais de 3%. Frankfurt chegou a perder 3,4%, contra 3,6% em Paris. O risco país da Espanha voltou a superar a marca dos 5%, enquanto o italiano aumentou em 14 pontos.

No Brasil, a Bovespa encerrou o dia em queda de 2,76% - maior queda porcentual em cinco meses.

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