terça-feira, 6 de março de 2012

Brasil interrompe negociação com México sobre acordo automotivo

Fonte: Valor Econômico
Autor:  Sergio Leo

O Brasil interrompeu os entendimentos com o México para rever o acordo bilateral de livre comércio de automóveis e produtos automotivos, e volta a ganhar força, na cúpula do governo brasileiro, a tese de cancelamento ("denúncia"). Os mexicanos convidaram na semana passada os técnicos brasileiros para uma rodada de negociações, a partir de hoje, na Cidade do México, que levaria a um encontro de ministros para decidir um novo acordo, também em território mexicano, na sexta-feira. Uma missão chegou a se preparar, mas, para frustração dos mexicanos, foi cancelada na última hora.

Brasileiros e mexicanos discutiriam os três principais pontos da revisão do acordo, dos quais a prioridade, para Brasília, seria obter um compromisso de cotas ou teto flexível de vendas de automóveis do México ao Brasil. Uma das propostas sobre a mesa é a criação de um mecanismo "flex", como o existente no comércio automotivo entre Brasil e Argentina, no qual cada país se compromete a importar o equivalente a uma proporção do que vende ao parceiro.

Na semana passada, os mexicanos enviaram uma sugestão sobre esse limite às exportações e sobre os outros dois pontos: a regulamentação de normas de origem e a inclusão de novos produtos na lista de mercadorias comercializadas sem tarifa de importação. A possibilidade de realizar uma reunião de ministros na sexta-feira já era pequena devido à dificuldade de conciliar agendas das autoridades brasileiras. Mas a decisão de não enviar nem sequer os técnicos para negociação é um sinal claro aos mexicanos de que a contraproposta foi considerada insuficiente pelo Brasil.


A presidente Dilma Rousseff determinou aos ministros de Relações Exteriores, Antônio Patriota, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que cobrassem dos mexicanos uma decisão no menor prazo de tempo possível e indicou que não esperaria até o fim de março para decidir sobre o possível cancelamento do acordo. Pelas normas do próprio acordo, ele pode ser denunciado desde que haja um aviso com pelo menos 14 meses de antecedência, o que significa que o fim do livre comércio de automóveis, se decidido, só se tornará realidade no fim do primeiro semestre de 2013.

O governo está preocupado com o forte aumento de compras de automóveis proveniente do México, que foi além de 200% em fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano passado. Ainda não há clareza sobre o que fazer no período entre o anúncio e a concretização do fim do acordo, se essa for a resolução do governo.

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