Fonte: O Estado de S. Paulo |
Autor: Jamil Chade |
Governos, inclusive o brasileiro, acusam Pequim de não ser transparente e dar incentivos ilegais
A "caixa-preta" chinesa passa a ser alvo de críticas mundiais e a intervenção do Estado nas exportações e políticas indústrias estaria criando grandes distorções na economia internacional. Ontem, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e governos, entre eles o brasileiro, acusaram Pequim de não ser transparente no volume de subsídios que destina ao setor produtivo e afirmam que essa ajuda poderia causar impactos até no comércio agrícola mundial.
Para vários países, a suspeita é de que o avanço das exportações chinesas não está apenas baseado em sua competitividade, mas também em subsídios ilegais. A acusação é de que, com reservas de US$ 3,2 trilhões, o Estado está financiando a competitividade das indústrias e deslocando concorrentes pelo mundo.
A sabatina com a China, prevista para esta semana em Genebra, está sendo marcada pelas duras críticas ao maior exportador mundial, principalmente por causa da ingerência do Estado no financiamento ilegal da competitividade das vendas do país.
A China contra-atacou, alertando que a ação dos países ricos na crise - com injeção de trilhões de dólares nas economias e o protecionismo - é que está intensificando a concorrência. Para o ministro adjunto de Comércio, Yu Jianhua, o superávit comercial do país está em queda, a moeda foi valorizada e o crescimento interno foi em parte freado.
A OMC tem posição diferente e faz um alerta sobre o papel do Estado na construção da competitividade chinesa. "Subsídios e outras ajudas do governo são elementos importantes na política comercial da China e de sua política industrial", indica a OMC em seu relatório sobre a situação do país. Diplomática, a entidade acusou Pequim de ter uma política comercial e de investimentos "opaca e complexa".
A Europa também não deixou de atacar, acusando a falta de transparência da China em relação a seus programas de ajuda e afirmando que a interferência do Estado na economia provoca distorções. Segundo a OMC, estatais ainda se beneficiam de custos menores e melhor acesso a capital que empresas privadas.
Segundo a entidade, parte dessa ajuda estaria também indo para a agricultura. Se durante anos o Brasil questionou os subsídios americanos e europeus ao setor, poderá ter de começar a levantar questões sobre a ajuda dada também por Pequim.
O Itamaraty também destacou o desequilíbrio comercial. Hoje, 40% do superávit brasileiro vem das vendas à China, que cresceram 312% entre 2007 e 2011, tornando o país o maior parceiro comercial do Brasil.
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quarta-feira, 13 de junho de 2012
Subsídio chinês é atacado por países na OMC
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