A percepção de que o governo tem influenciado mais diretamente a condução da política monetária, que tem buscado equilibrar o crescimento da economia com o controle da inflação, é o que mais tem preocupado os investidores estrangeiros.
"O principal risco que eu vejo para o Brasil é o de a política monetária tornar-se mais acomodada", afirma Ward Brown, gestor de fundos de dívida de mercados emergentes da MFS, que já foi economista do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para ele, a política cambial e monetária está um pouco menos transparente.
O Banco Central tem cortado a taxa básica de juros para estimular o crescimento econômico. Ao mesmo tempo, o governo tem lançado mão, a exemplo da crise de 2008, de medidas anticíclicas, como o corte de impostos e redução do custo do crédito, para estimular o aumento do consumo e mitigar os impactos negativos de uma desaceleração da economia global.
"Essas medidas aumentam o nível de incerteza e os investidores vão querer um prêmio maior para investir em títulos brasileiros",
lembra Rafael Bardella, responsável pela área internacional da BNP Asset Management. Ele afirma que a captação dos fundos "offshore" do banco que aplicam em renda fixa brasileira está estável no momento. "Não temos visto resgate, nem novos aportes de recursos."
Com o crescimento das incertezas na Europa pesando sobre as condições econômicas globais, a sustentação do balanço fiscal ganha maior atenção por parte dos investidores estrangeiros.
"O que mais preocupa no curto prazo é o perfil de liquidez dos países e a capacidade do serviço da dívida soberana e das companhias privadas", afirma Robert Abad, especialista em mercados emergentes da Western Asset.
Nesse sentido, uma desaceleração mais forte da economia chinesa poderia prejudicar o financiamento da conta corrente do Brasil, destaca Solange Srour Chachamovitz, economista-chefe da BNY Mellon.
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