quarta-feira, 13 de junho de 2012

Bird alerta emergentes sobre volatilidade

Fonte: Valor Econômico
Autor: Alex Ribeiro

Os países em desenvolvimento vão crescer abaixo de 6% anuais até 2014 e devem se preparar para enfrentar um período de vários anos de volatilidade internacional, alertou o Banco Mundial no seu relatório "Perspectivas Econômicas Globais". O organismo recomenda reagir menos às flutuações econômicas de curto prazo e priorizar mais as medidas estruturais que alavancam o crescimento de médio e longo prazos.

O mundo deverá crescer 2,5% em 2012, projeta o Banco Mundial (Bird), abaixo dos 2,7% do ano passado. As economias em desenvolvimentos devem registrar expansão de 5,3% e, para o organismo, não devem passar de 6% até 2014, devido à demanda ainda fraca nos países desenvolvidos, altos custos de capital, fluxos mais fracos de investimento e limites para ampliar a oferta. O Brasil deve crescer 2,9% em 2012 e o conjunto de economias desenvolvidas, 1,4%.

Para o Banco Mundial, o atual ambiente de alta volatilidade será persistente em função da fragilidade fiscal do mundo desenvolvido, incluindo Japão e Estados Unidos, e de suas políticas monetárias bastante relaxadas. As projeções do organismo são de que os fluxos de capitais privados aos países em desenvolvimento sofram uma retração de 22% neste ano, quando comparado a 2011, caindo a US$ 775 bilhões.


"Os mercados de capitais globais e o clima de investimento devem permanecer voláteis no médio prazo, tornando mais difícil o manejo das política econômicas", advertiu Hans Timmer, diretor de Perspectivas de Desenvolvimento do Banco Mundial. "Países em desenvolvimento devem focar em reformas que fortaleçam a produtividade e em investimentos em infraestrutura, em vez de reagir às mudanças do dia a dia no ambiente internacional."

O mais recomendado, diz o relatório, é tornar a política econômica mais neutra para construir defesas contra eventuais choques externos. Hoje, diz o relatório, os déficits fiscais dos países em desenvolvimento estão 2,5 pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) maiores do que em 2007, um ano antes da quebra do banco Lehman Brothers. Os déficits em conta corrente são em média 2,8 pontos percentuais do PIB maiores.

O relatório do Banco Mundial afirma que, no Brasil, as taxas básicas de juros estão abaixo de sua tendência histórica, assim como na China, Indonésia, México, Rússia, Turquia e África do Sul. A recomendação geral do organismo para esse conjunto de países é reequilibrar suas políticas monetárias desde já para evitar maiores pressões neste e no próximo ano. No caso do Brasil, porém, o organismo pondera que a contínua desaceleração econômica atenua eventuais pressões inflacionárias.

No seu relatório anterior, divulgado em janeiro, o Banco Mundial também havia projetado expansão mundial de 2,5%. Os dados econômicos dos primeiros quatro meses foram mais alentadores do que o esperado, diz o Banco Mundial, mas boa parte desses ganhos já foi consumida com a volta da instabilidade nos mercados provocadas pelo recrudescimento da crise na Europa. Os cálculos do organismo são de que as recentes incertezas na Europa deverão reduzir em 0,2 ponto percentual o crescimento da zona do euro neste ano. No resto do mundo, o impacto seria de 0,1 ponto percentual.

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