sexta-feira, 22 de junho de 2012

OCDE e FMI apoiam taxa de carbono para financiar ações

Fonte: Valor Econômico
Autoras: Juliana Ennes e Paola de Moura

Organizações representantes de países desenvolvidos defenderam durante a Rio+20 a taxação sobre poluentes e emissores de carbono e, ao mesmo, a redução de subsídios para combustíveis fósseis. Os recursos adicionais arrecadados poderiam ser inclusive utilizados para melhorar a economia dos países em crise.

O vice-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Min Zhu, lembrou, por exemplo, que a Indonésia gastava, em 2005, 5,5% do PIB em subsídios. Em 2006, reduziu a 2% e a arrecadação cresceu US$ 19 bilhões. Ele acredita que os subsídios "desincentivam" a inovação e não ajudam os mais pobres. "Nossos dados mostram que 35% [de subsídios] são usados pela classe média e alta, ou seja, por quem não precisa", disse.

Segundo Min Zhu, se todos os países que fazem parte Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cobrarem US$ 0,25 pela tonelada de carbono, arrecadarão US$ 250 bilhões. O diretor diz que a Austrália vai lançar o imposto de carbono e deve arrecadar US$ 7 bilhões em três anos. "Nos países emergentes, o imposto do carbono poderá aumentar a rede de segurança para promover mais distribuição e promover um crescimento verde e inclusivo", acredita.


O secretário-geral da OCDE, José Angel, disse que a crise financeira internacional "não durará para sempre" e acreditar que as medidas sobre o meio ambiente atualmente propostas podem ajudar a melhorar a situação econômica. O líder da organização acredita que a Rio+20 podem ser a última chance de cuidar do meio ambiente.

O secretário-geral da OCDE criticou fortemente a concessão de subsídios para combustíveis fósseis, acreditando que os recursos dos governos poderiam ser alocados em "qualquer outra finalidade, menos em combustíveis fósseis". Isto porque, segundo ele, o carbono é o pior vilão a ser atacado. "Temos que atacar o inimigo com impostos, atacá-lo na cabeça, de forma rombuda", brincou.

O diretor-gerente do Banco Mundial, Mahmoude Mohieldin, criticou a falta de números e metodologias para que muitos países possam orientar políticas públicas para um crescimento verde, inclusivo e inteligente. "Sabemos que muitos países não conseguem incentivar o progresso porque não têm dados para se orientar nas políticas públicas ou privadas", afirmou Mohieldin, na Rio+20.

O diretor-gerente também afirmou que a crise pode acabar levando aos países uma necessidade de crescimento indiscriminado. "Os países estão desesperados por crescimento, independentemente da cor [em referência à economia verde]." Segundo ele, muitos países, neste momento de crise, só pensam em como recuperar a sua economia. "Os sistemas estão nos decepcionando. Nos últimos 20 anos, conseguimos tirar 360 milhões de pessoas da pobreza, muitas vezes, às custas do meio ambiente. Isto nos colocando em direção a impactos imprevisíveis".

O representante do FMI lembrou ainda que hoje existe um cenário "inadmissível", com 2,6 bilhões de pessoas sem tratamento de esgoto, mais de um bilhão na pobreza extrema, 800 mil sem água. "Esses são números que parte dos países nesta mesa tem suas parcelas de culpa." Estavam presentes África do Sul, México, Groenlândia, entre outros.

Mohieldin afirmou que o crescimento verde tem um custo. "Mas o custo com a degradação é de 8% do PIB", alegou. "Para cada dólar investido em economia verde, dois ou três podem ser gerados. Espero que a Rio+20 nos oriente para um mundo mais verde", concluiu.

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