A
Câmara Internacional de Comércio (ICC, na sigla em inglês) divulgou ontem um
roteiro de transição para a chamada economia verde. A proposta é que o setor
privado participe ativamente dessa transição, sem que todos os esforços
fiquem concentrados em ações governamentais.
A
instituição quer que o documento batizado de "Green Economy
Roadmap" seja um plano concreto de ações, que, como defende a entidade,
tenha atuação direta do setor privado, mas não se restrinja apenas às
empresas. Há indicações para aprimorar também a governança de forma ampla,
incentivando o desenvolvimento de políticas e a tomada de decisões.
O
estudo é resultado de dois anos de trabalho com empresas de diversos portes.
A ICC, maior instituição empresarial do mundo, representa empresas de 120
países diferentes. O documento aponta para um potencial de oportunidades
comerciais relacionadas à sustentabilidade que circula entre US$ 2,1 trilhões
e US$ 6,3 trilhões.
De
acordo com a ICC, a economia verde demanda atenção imediata para a inovação,
essencial no desenvolvimento de estratégias e políticas que integrem as
dimensões social, econômica e ambiental do desenvolvimento sustentável.
"Para
a economia verde ser operacional ela precisa ser incorporada no mercado
global e nos balanços das empresas", diz o roteiro. A inovação também é
vista como importante guia do financiamento público e privado de
investimentos em desenvolvimento sustentável - ainda considerado baixo.
Identifica
que com crescimento acelerado da classe média, sendo um terço da população
mundial de 9 bilhões de pessoas em 2050, haverá uma grande pressão na demanda
por recursos. Com essa perspectiva de aumento da competição global pelos
recursos naturais, a ICC destaca que a atividade comercial tem um papel
essencial na busca de soluções para os desafios da sustentabilidade.
O
presidente para América Latina da Bosch, Besaliel Botelho, por exemplo,
acredita que a inovação deve vir da iniciativa privada. "Não é só uma
questão de direcionar dinheiro. Vemos o potencial, mas é preciso ter
confiança nas regras de longo prazo. No Brasil, isso tem sido devagar e
atrapalha a competitividade do país", disse.
O
presidente da GraalBio, Bernardo Gradin, disse que apesar de ter esperança em
receber ajuda do governo, não espera por isso para investir em inovação. A
expectativa dele é que a produção de etanol a partir de bagaço de
cana-de-açúcar se torne mais competitiva. "O Brasil tem a sorte de ter
condições de produzir matéria-prima com a perspectiva dos custos. Não vai
haver prêmio sobre o preço", disse.
O
investimento em inovação é visto como parte do presente, e não mais do
futuro. "Não é ficção científica", disse o presidente da Novozymes,
Pedro Luiz Fernandes.
O
especialista francês e diretor da Inventec, Patrice Rollet, considera que a
regulação governamental para incentivar investimentos em inovação é
importante porque dá clareza ao mercado e visibilidade aos investimentos
realizados.
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