quinta-feira, 14 de junho de 2012

ICC defende maior atuação privada


Fonte: Valor Econômico
Autores: Por Juliana Ennes e Guilherme Serodio

A Câmara Internacional de Comércio (ICC, na sigla em inglês) divulgou ontem um roteiro de transição para a chamada economia verde. A proposta é que o setor privado participe ativamente dessa transição, sem que todos os esforços fiquem concentrados em ações governamentais.

A instituição quer que o documento batizado de "Green Economy Roadmap" seja um plano concreto de ações, que, como defende a entidade, tenha atuação direta do setor privado, mas não se restrinja apenas às empresas. Há indicações para aprimorar também a governança de forma ampla, incentivando o desenvolvimento de políticas e a tomada de decisões.

O estudo é resultado de dois anos de trabalho com empresas de diversos portes. A ICC, maior instituição empresarial do mundo, representa empresas de 120 países diferentes. O documento aponta para um potencial de oportunidades comerciais relacionadas à sustentabilidade que circula entre US$ 2,1 trilhões e US$ 6,3 trilhões.

De acordo com a ICC, a economia verde demanda atenção imediata para a inovação, essencial no desenvolvimento de estratégias e políticas que integrem as dimensões social, econômica e ambiental do desenvolvimento sustentável.

"Para a economia verde ser operacional ela precisa ser incorporada no mercado global e nos balanços das empresas", diz o roteiro. A inovação também é vista como importante guia do financiamento público e privado de investimentos em desenvolvimento sustentável - ainda considerado baixo.

Identifica que com crescimento acelerado da classe média, sendo um terço da população mundial de 9 bilhões de pessoas em 2050, haverá uma grande pressão na demanda por recursos. Com essa perspectiva de aumento da competição global pelos recursos naturais, a ICC destaca que a atividade comercial tem um papel essencial na busca de soluções para os desafios da sustentabilidade.

O presidente para América Latina da Bosch, Besaliel Botelho, por exemplo, acredita que a inovação deve vir da iniciativa privada. "Não é só uma questão de direcionar dinheiro. Vemos o potencial, mas é preciso ter confiança nas regras de longo prazo. No Brasil, isso tem sido devagar e atrapalha a competitividade do país", disse.

O presidente da GraalBio, Bernardo Gradin, disse que apesar de ter esperança em receber ajuda do governo, não espera por isso para investir em inovação. A expectativa dele é que a produção de etanol a partir de bagaço de cana-de-açúcar se torne mais competitiva. "O Brasil tem a sorte de ter condições de produzir matéria-prima com a perspectiva dos custos. Não vai haver prêmio sobre o preço", disse.

O investimento em inovação é visto como parte do presente, e não mais do futuro. "Não é ficção científica", disse o presidente da Novozymes, Pedro Luiz Fernandes.

O especialista francês e diretor da Inventec, Patrice Rollet, considera que a regulação governamental para incentivar investimentos em inovação é importante porque dá clareza ao mercado e visibilidade aos investimentos realizados.

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