A Grécia pode decidir nas eleições deste domingo o futuro da sua permanência no euro, a moeda única europeia. Se os partidos favoráveis ao pacote de ajuste vencerem, a União Europeia já acenou ontem com um alívio nas duras exigências impostas aos gregos. Caso os partidos contrários ao pacote vençam, há o risco de pânico nos mercados na segunda-feira e de uma corrida aos bancos gregos. Nesse caso, há indicações de que os principais bancos centrais do mundo preparam uma ação coordenada para garantir liquidez e tentar acalmar os mercados.
O país realiza a segunda eleição legislativa em um mês e meio, já que na votação anterior nenhum bloco ou coligação obteve a maioria necessário no Parlamento para formar um governo. As últimas pesquisas divulgadas, no dia 1º, mostravam que nenhum partido conquistaria a maioria. O Syriza, o legenda de esquerda que está prometendo voltar atrás nos termos do resgate fechado com o FMI, o Banco Central Europeu e a União Europeia (UE), e o Nova Democracia, de centro direita, a favor do acordo, estavam empatados na frente. Em terceiro, vinha o socialista Pasok, também pró-resgate.
Os vizinhos europeus estão abertamente fazendo pressão para que o país respeite o acordo. "Quero que a Grécia permaneça na zona do euro, mas os gregos devem compreender que isso exige uma relação de confiança", disse o presidente francês, François Hollande, em entrevista a uma televisão grega. "Caso se dê a impressão de que os gregos querem se distanciar dos compromissos assumidos e abandonar quaisquer perspectivas de recuperação, haverá países da zona do euro que preferirão pôr um fim na presença da Grécia."
Para tentar convencer os eleitores, os europeus acenam com medidas de boa vontade caso partidos pró-acordo saiam vencedores. Ontem, autoridades europeias disseram que poderão aliviar parte das exigências. "As metas principais não podem ser alteradas", disse uma alta autoridade da UE. "Mas poderia haver alguns ajustes no caminho para se chegar às metas."
O líder do Syriza, Alexis Tsipras, voltou a afirmar que, se ganhar a eleição, o acordo será rasgado. "O memorando da falência irá pertencer ao passado na segunda-feira", disse. No entanto, ele afirmou que os "especuladores" não devem apostar na saída da Grécia da zona do euro. Tsipras confia que poderá conseguir um novo acordo em condições bem mais favoráveis. "A Espanha negociou e teve sucesso em obter apoio financeiro sem um pacote de consolidação fiscal, apesar das ameaças e chantagens dos credores", afirmou.
Segundo uma autoridade de um país do G-20, conforme o resultado da eleição e a reação dos mercados, poderá haver na segunda-feira reunião emergencial de ministros do G-7, com a participação de presidentes de BCs por telefone. Possivelmente, a primeira ação seria a de divulgar uma declaração afirmando que as autoridades estão preparadas para fazer todo o necessário para assegurar a estabilidade dos mercados.
Ontem, a bolsa grega teve forte alta, em aparente reação de investidores a boatos de que novas pesquisas apontavam a vitória do Nova Democracia. As leis do país impedem a divulgação de pesquisas duas semanas antes do pleito.
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