Comissão
libera terra para estrangeiros
Companhias
brasileiras controladas por capital estrangeiro podem ser liberadas para
adquirir grandes extensões de terra no Brasil, conforme relatório aprovado
ontem pela Comissão de Agricultura da Câmara.
O texto
substitutivo do deputado Marcos Montes (PSD-MG), que derrotou o relatório
original de Beto Faro (PT-PA), excluiu as restrições atuais, que limitam
essas aquisições a um teto em operações de compra e arrendamento. O parecer
foi apoiado pela bancada ruralista, contra a vontade do governo.
Empresas
brasileiras controladas por capital estrangeiro podem ser liberadas para
adquirir grandes extensões de terras no Brasil, de acordo com relatório
aprovado ontem pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.
O texto
substitutivo do deputado Marcos Montes (PSD-MG), que derrotou o relatório
original de Beto Faro (PT-PA), excluiu as restrições atuais que limitam essas
aquisições a um máximo em operações de compra e arrendamento. O parecer,
apoiado pela bancada ruralista contra a vontade do governo e do Núcleo
Agrário do PT, já havia sido aprovado na subcomissão especial do tema.
Os
petistas apresentaram um voto em separado, lido pelo vice-líder do partido na
Câmara, Valmir Assunção (BA), em que tentavam reduzir as
"facilidades" de aquisição, por estrangeiros, de um percentual
mínima de companhias nacionais para obter a condição de empresa brasileira.
"Como iremos impedir que uma empresa estrangeira adquira 0,1% do capital
de uma empresa nacional e possa sair comprando terras?", questionou Assunção.
Ele criticou, ainda, a indefinição sobre o tempo máximo do arrendamento das
terras. "O texto diz que o prazo é indeterminado. Ou seja, pode ser de
300 anos", disse.
O texto
aprovado define que todas as operações já realizadas ou em negociação serão
automaticamente regularizadas. O governo e o PT queriam limitar o benefício
aos negócios fechados entre 1999 e 2010, período em que o assunto estava
regulamentado por dois pareceres contraditórios da Advocacia-Geral da União
(AGU).
Hoje,
as negociações de terras por estrangeiros e empresas brasileiras controladas
por estrangeiros no país sofrem restrições.
Um parecer da AGU em vigor
restringe as aquisições de imóveis rurais por empresas que tenham 51% ou mais
de seu capital votante nas mãos de não brasileiros. Essas aquisições são
limitadas a 50 módulos fiscais para pessoas físicas (250 a 5 mil hectares) e
a 100 módulos (500 a 10 mil hectares) para empresas estrangeiras, desde que
aprovadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O
relatório aprovado ontem estabelece que empresas nacionais, mesmo com maioria
de capital estrangeiro, serão consideradas brasileiras. Com isso, até
empresas com 99,9% de capital estrangeiro poderão adquirir qualquer extensão
de terra, desde que sigam as regras da legislação para empresas 100%
nacionais. Mas organizações não governamentais, empresas e fundos soberanos
estrangeiros ficam impedidas de adquirir terras no Brasil. "Uma estatal
de outro país, convertida em nacional, poderá se apoderar de áreas gigantescas
no Brasil. Alienaríamos, para o exterior, o poder decisório sobre o quê,
quando e onde produzir", criticou Valmir Assunção.
A
questão dos limites de terras que poderão ser adquiridas não foi incluída no
texto final. Assim, não haverá um máximo para as compras por estrangeiros. No
relatório derrotado de Beto Faro, havia um limite de 50 módulos (2,5 mil
hectares) para estrangeiros, até mesmo para aquelas cujo capital era
majoritariamente estrangeiro.
O
relatório segue agora para análise das demais comissões da Câmara, que serão
designadas pela Mesa Diretora.
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