sexta-feira, 15 de junho de 2012

BCs preparam ação conjunta na Europa

Fonte: O Estado de S. Paulo
Autor: Jamil Chade
Autoridades estão preocupadas com resultado das eleições gregas; essa medida foi acionada pela última vez após a quebra do Lehman

Os bancos centrais das maiores economias do mundo se preparam para uma intervenção coordenada no mercado financeiro internacional, caso as eleições na Grécia no domingo abram a porta para a saída de Atenas da zona do euro e criem uma turbulência mundial.

O objetivo é evitar que a Grécia jogue toda a economia mundial em um caos. Em Londres, o governo já admitiu estar fazendo reservas de bilhões de libras para injetar no mercado e garantir liquidez se a crise grega terminar em cenário de turbulência.

No domingo, os gregos enfrentam eleições mais uma vez, depois que o último pleito não conseguiu resultar na formação de um governo. O problema é que o partido que pode sair vencedor - de extrema esquerda - promete rasgar os termos dos acordos de resgate da Grécia, o que, na prática, implodiria dois anos de negociações para manter Atenas no bloco.

Ontem, fontes do G-20 revelaram à Reuters que os maiores BCs estariam preparando medidas de impacto para estabilizar os mercados financeiros, garantir liquidez e evitar uma falta de crédito, caso o resultado na Grécia aponte para o caos. Horas depois, a informação seria confirmada por diversas fontes do G-20.

Nos Estados Unidos, a percepção é de que a eleição não será o capítulo final da crise na Europa. Mas uma vitória do partido de extrema esquerda pode abrir dias de tumulto nos mercados mundiais, equivalentes aos que se seguiram à quebra do Lehman Brothers em 2008. "Bancos centrais estão preparando uma ação coordenada para garantir liquidez", declarou a fonte. A notícia fez com que as bolsas registrassem alta.

A última vez que BCs agiram de forma coordenada foi após a quebra do Lehman Brothers, que fez o crédito no mercado desaparecer. Em 2001, após os ataques terroristas de 11 de setembro, os BCs de Washington e Frankfurt também atuaram de forma coordenada.

Agora, a ação poderia ser lançada justamente quando o G-20 se reúne em uma cúpula na segunda-feira no México. Uma opção é o G-7 se reunir em caráter de emergência, se o resultado da eleição for desastroso. Já na segunda-feira, uma outra opção será uma declaração de todo o bloco de que estaria pronto a agir para garantir a estabilidade financeira mundial.

Os bancos centrais, porém, estão de mãos atadas no que se refere às taxas de juros, que já estão nos níveis mais baixos da história. Mas as ações não se limitariam aos BCs, e ministros de Finanças já vêm dando indicações de que estão se preparando para um cenário de caos. Uma das medidas poderia ser a imposição de limites de saques nos bancos europeus, justamente para evitar uma corrida aos bancos.

Não se descarta que o Banco Central Europeu (BCE) volte a agir, comprando títulos do Tesouro. Nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, deixou claro na semana passada que o país está disposto a agir diante de uma deterioração da crise europeia.

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